Muita gente achou absurdo.
Afinal, a Suécia é um país europeu dos mais civilizados. Não há porque duvidar da retidão da sua Justiça e das garantias democráticas de que os réus lá desfrutam.
Na verdade, há.
Bem a propósito, o caso de Gottfrid Svartholm, co-fundador da Pirate Bay, acaba de demonstrar que Assange até que tem razão.
Esse cidadão foi preso para ser interrogado como suspeito de piratear uma companhia sueca.
Num sistema jurídico democrático, o normal era ele ser detido por uns poucos dias já que não fora oficialmente denunciado.
Mas, não aconteceu assim.
Por requerimento do promotor público Henry Oln, sua detenção foi aumentada pela Corte Distrital para mais duas semanas. Nas quais, de acordo com o sistema sueco, ele não poderá receber ninguém, nem ter acesso a jornais e televisão.
Ficará totalmente isolado do mundo.
Caso a investigação continue, o promotor tem a faculdade de solicitar a permanência de Gottfrid na prisão por mais 2 meses.
Tudo rigorosamente dentro da lei.
Numa entrevista ao sair do tribunal, o promotor Oln declarou: “De acordo com o sistema sueco, quando as investigações preliminares terminarem, eu, como promotor público, decidirei se deve haver processo… No sistema sueco é muito comum as pessoas ficarem detidas nesses casos. E eu tenho o direito de evitar que ele tenha contato com outras pessoas.”
É o que Assange tem medo que façam com ele.
O que não seria de admirar, pois como disse o próprio promotor Olin, é muito comum na Suécia meros suspeitos ficarem detidos incomunicáveis por mais de 2 meses.
Convém lembrar que as autoridades suecas tem demonstrado o maior empenho em conseguir trazer Assange para seu domínio.
O que faz supor que, depois de prendê-lo, provavelmente o manteriam no cárcere pelos 2 meses e meio que a lei sueca permite.
Nesse período, nada impediria de Assange ser extraditado para os Estados Unidos de forma praticamente secreta.
Não tendo ele contato com pessoa alguma, o processo de extradição aconteceria sem possibilidade de escrutínio público, ou seja, sem poder ser acompanhado e analisado publicamente.
Ao contrário do que acontece nos países ocidentais democráticos onde, a não ser em casos especiais, todos os atos de um processo são públicos e sujeitos ao exame de todos, justamente para se garantir sua correção.
Sendo atualmente governada pela direita, a Suécia segue fielmente a liderança dos EUA, que são, sem dúvida, o país mais atingido pelas revelações do Wikki Leaks.
Se Assange for remetido para os EUA, dá para prever o que aconteceria.
O jornalista John Glaser informou em 30 de setembro, no Antywar, a revelação por documentos tornados públicos de que os militares americanos designaram Julian Assange como inimigo do estado. É a mesma classificação legal da Al Qaeda, que permitiria ao governo de Washington matar ou prender, sem julgamento e indefinidamente, o criador do Wikki Leaks.
Na melhor das hipóteses, ele deverá ser processado por crime de espionagem cujas penas são prisão perpétua ou execução.
É o que propõem importantes personalidades americanas, como a senadora democrata Dianne Feinstein.
De acordo com o grupo Strafor, consultores da defesa de Assange, um indiciamento já foi emitido contra ele por um grande júri secreto em Alexandria, estado de Virginia.
Como se sabe, Assange divulgou, através do seu Wikki Leaks, centenas de milhares de documentos que mostraram as violências, mentiras e erros da política americana no ultramar.
Imperdoável para o Pentágono e o Departamento de Estado.
Acredito que Obama não se negaria a mandar prender e processar Assange, mas faria o possível para atenuar sua pena ao máximo.
Não sei se ele resistiria às pressões dos falcões locais.
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E aquele outro “problema” de Assange com relaçao a moléstia sexual? Era verdade ou so desculpa para prende-lo? Talvez seja secundario……….
Acho que Obama nao teria muitos freios para punir Assange, especialmente
em plena campanha eleitoral………….