O julgamento dos seguranças da Blackwater, que mataram 17 civis no Iraque, trouxe revelações chocantes.
Documentos do FBI incriminam o embaixador americano em Bagdá por acobertamento dessa empresa.
Algumas semanas antes do assassinato, Jean Richter, do FBI, apresentou à embaixada um relatório de sua investigação sobre as atividades da Blackwater.
Tratava-se da maior empresa de segurança americana no Iraque, onde faturou cerca de 1 bilhão de dólares.
Ela atuava na proteção de diplomatas e empresários estrangeiros e em vários serviços prestados ao exército, tão numerosos que a caracterizavam como uma verdadeira “unidade de apoio”.
O relatório do investigador do FBI documentava má conduta dos seguranças da Blackwater e avisava que a falta de supervisão criara “um ambiente cheio de mentiras e negligência.”
“O monitoramento dos nossos contratos no Iraque tornou-se subserviente às empresas de segurança”, Jean Richter denunciou.
“Os homens da Blackwater se vêm acima da lei. O relaxamento do monitoramento resulta numa situação na qual as empresas estão no controle, no comando, em vez das autoridades do governo.”
Um fato incrível é mencionado.
Carroll, o líder da Blackwater no Iraque, atreveu-se a ameaçar o investigador do FBI: ”Ele disse que poderia me matar naquele momento e ninguém, poderia ou faria qualquer coisa, pois estávamos no Iraque.”
A estas alturas você deve estar achando que as autoridades diplomáticas imediatamente tomaram uma atitude dura.
Tomaram mesmo.
No entanto, ao contrário do que seria lógico, cairam sobre o inconveniente investigador.
Acusaram-no de estar prejudicando as relações da embaixada com a Blacwater.
E mandaram-no embora do país.
O homem do FBI, evidentemente, levou esse assunto aos seus superiores.
Adivinha o que aconteceu.
Se você disse “nada”, acertou.
Era o esperado. Afinal estávamos em tempos de George W.Bush.
Que havia declarado apreciar “os valiosos serviços da Blackwater e os sacrifícios dos seus funcionários na proteção das vidas das pessoas.”
Certamente apreciava também os serviços que Eric Holder, o dono da Blackwater, prestava às suas campanhas eleitorais, das quais foi um grande financiador.