A nova pesquisa do New York Times/CBS News, publicada em 25 de outubro é de assustar qualquer político americano.
Apesar de representar a opinião de pessoas de todas as classe sociais, ela reflete bastante as posições do pessoal do OCUPE WALL STREET.
É verdade que muitas pessoas costumam responder a pesquisas com emoção e sinceridade, mas, na hora de votar, de cabeça fria, deixam-se levar por diversos outros fatores.
Mas os resultados desta pesquisa New York Times/CBS News são expressivos e contundentes. Políticos com sensibilidade popular vão provavelmente levá-los a sério. A muito sério.
Os republicanos, por exemplo, que defendem com unhas e dentes os cortes de taxas para os ricos, deveriam prestar atenção a estes dados: 2/3 do público acham que a riqueza deveria ser distribuída de forma mais igual, enquanto 70% sustentam que a política dos congressistas republicanos favorece os ricos. E 2/3 querem, não apenas cortar as isenções de taxas às corporações , como também aumentar o imposto de renda dos milionários. Ainda nesse assunto. Apenas 25% acha que seria uma boa idéia para reduzir o déficit público ou reduzir as taxas das corporações ou cancelar a lei nacional de health care.
Continuando a obstaculizar os planos de redução do déficit de Obama através da eliminação de cortes de taxas aos ricos, os republicanos terão contra si 2/3 do eleitorado. Difícil situação, portanto.
No entanto, podem continuar repetindo o mantra neoliberal de que a regulamentação excessiva dos negócios prejudica a Economia. Para isso terão o apoio de muita gente. Metade do público é a favor de reduzir ou eliminar essa regulamentação.
Por falar em Economia, quase todos os respondentes visualizam sombrias perspectivas. Para 49%, vai ficar como está. Já 36% acham que vai piorar. Quase três quartos desconfiam que o Congresso seja capaz de chegar a um acordo num plano para ajudar a criar empregos.
Essa conclusão é triste pois, com um desemprego de 9,1%, a desigualdade de renda continua uma questão das mais preocupantes para os americanos. Quase 90% dos democratas, 2/3 dos independentes e mais de 1/3 dos republicanos dizem que a distribuição da riqueza no país deveria ser mais equitativa. Já para a maioria dos republicanos está muito boa.
Fica aqui bem marcada a constituição dos dois lados: os ricos e a classe média bem sucedida, do lado dos republicanos, e os pobres e a maioria da pequena classe média, com o Partido Democrata.
No entanto, a maioria de todos os partidos não confia no governo. 89% dizem que ele não está fazendo o certo. Para 74%, o país vai no mau caminho.
Aparentemente, o culpado principal seria o Congresso, desaprovado por 84%, enquanto esse índice é bem menor para o presidente: apenas 46%, que reflete posições contraditórias do público. Enquanto mais da metade dizem que Obama não tem um plano claro o de criação de empregos, a maioria apóia os itens componentes desse plano. Neste quesito, os congressionais republicanos saem-se ainda pior: 71% do público diz que eles não tem plano definido para combater o desemprego.
A taxa de aprovação de Obama é igual à de desaprovação: 46%. É recorde neste ano – conseguida especialmente por ele ter posto fim à Guerra do Iraque (60% de apoio).
Voltando para o Congresso, sua imagem pública é muito pior do que a de Obama. Ele atingiu o incrivelmente baixo índice de 9% de aprovação. 22% menos do que apresentava a 6 meses, quando tomou posse com maioria republicana.
Se os democratas pretendem mesmo vencer as próximas eleições legislativas, deveriam lançar uma maioria de novos candidatos, sem o peso da imagem negativa dos congressistas atuais.
O mesmo caminho se oferece aos republicanos. Para eles, será mais difícil, pois terá de enfrentar temas extremamente impopulares – as desigualdades, os cortes de taxas aos ricos, a Guerra do Afeganistão –que são muito caros ao partido.
Problemas também existem na escolha de um candidato republicano forte à presidência. Mitt Romney e Rick Perry alternavam-se na liderança das pesquisas.
A situação começou a mudar.
O pitoresco Herman Cain surgiu com muita força, especialmente entre os republicanos de primeira votação. Rick Perry perdeu 6% na pesquisa New York Times/CBS News, entrando no grupo de candidatos de segundo plano, formado por Ron Paul e New GIlchrist.
De todos eles, o único que se aproxima das idéias que o povo americano exprimiu através desta pesquisa é Ron Paul.
Só ele é contra as guerras imperiais americanas.
Favorável ao corte de despesas militares.
Contra as desigualdades sociais.
Favorável a um plano de criação de empregos.
Contra a redução de taxas aos ricos.
Favorável à redução de regulamentações das atividades empresariais.
No Partido Republicano, Ron Paul não tem a menor chance. Os lobbies pró-Israel, da indústria de armamentos, das corporações e os mais ricos (tem muitos no Partido Republicano) jamais deixariam.
Nem no Partido Democrata, pois Ron Paul é contra idéias fundamentais como o Plano de Saúde, a maior regulamentação das atividades financeiras e, de um modo geral, a intervenção do estado na Economia.
Como disse Joe E.Brown em “Quanto mais quente melhor”, nada é perfeito.