Desde o início da invasão de Gaza, o governo Cameron entoava um mantra: “Israel tem o direito de se defender”.
Depois vieram a destruição de escolas, abrigos de refugiados e mesquitas, o massacre de civis, o bombardeio de hospitais.
E a opinião pública inglesa despertou.
Somente no mês de agosto, realizaram-se três grandes manifestações em Londres, condenando o governo israelense e exigindo que o governo inglês agisse para deter a carnificina.
As duas primeiras manifestações contaram com dezenas de milhares de participantes.
Na terceira, foram 150 mil, de acordo com os organizadores.
Provavelmente é exagero, mas havia mesmo muita gente, com uma massa humana tomando completamente a extensa Oxford Street, principal via do comércio londrino.
Enquanto isso, tanto a oposição trabalhista, quanto os liberais que integram a coalizão de governo, solicitaram que o premier Cameron descruzasse os braços e fizesse algo pelo povo palestino.
Até mesmo muitos parlamentares do Partido Conservador, do governo, somaram suas vozes aos protestos.
Uma ministra sênior do Foreign Office, a Baronesa Warsi, que já foi presidente do Partido Conservador, renunciou em protesto, taxando a exportação de armas do Reino Unido para Israel como “moralmente indefensável”.
Diante da pressão, o governo de Sua Majestade decidiu suspender 12 licenças de exportação a Israel de armamentos, inclusive tanques de guerra e aviões, enquanto a guerra continuasse.
Essas licenças haviam sido concedidas na condição de que as armas inglesas não seriam usadas em ações contrárias às leis internacionais.
O governo estava investigando se isso não estaria acontecendo. Como ainda não chegara a uma conclusão, preferiu suspender temporariamente as licenças de exportação.
A Campanha Nacional Contra o Comércio de Armas não ficou satisfeita.
Andrew Smith, seu porta-voz, afirmou: “Ele (o governo) deveria anunciar um embargo total de todas as vendas de armas a Israel assim como o fim de toda colaboração militar com Israel.”
A suspensão de licenças não vai deixar Israel na mão.
Telaviv sempre contará com o prestimoso Pentágono para atender a eventuais carências em armamentos.
Mais grave é a condenação dos métodos do exército israelense, implícita no veto à sua licença para matar palestinos com armamentos ingleses.