A visita do presidente da França aos EUA foi toda sorrisos e juras de amor.
Mas houve um momento em que Obama fechou a cara e falou grosso.
Foi quando ele advertiu que as empresas francesas estariam mantendo contactos com o Irã “por sua conta e risco”. Caso violassem as proibições comerciais, os EUA cairiam sobre elas “como uma tonelada de tijolos.”
Hollande defendeu as empresas do seu país, alegando que elas são livres para trocarem idéias com os iranianos e que, na verdade, não incorreram em nenhuma sanção.
No que ele tem toda razão.
Pensam assim companhias como a Total, a Peugeot,a Citroën, a Lafarge, a GDF Suez e a Alston, que já estão em conversações adiantadas com os iranianos, prevendo o fim das sanções.
Por sua vez, russos e chineses rivalizam na oferta de propostas vantajosas de negócios com a área de petróleo do Irã, que é, aliás, um dos maiores produtores do mundo.
Por sua vez, grandes petrolíferas, inclusive a Chevron e a Shell, devem participar de uma conferência com as autoridades do Irã, ainda neste ano, em Londres.
Nos últimos meses, uma revoada de delegações da China, Índia, Turquia, Geórgia, Itália, Áustria, Suécia, Casaquistão e Irlanda, pousou no Irã aumentando em 30% a ocupação do principal hotel local, em relação a 2013.
Empresas americanas não querem ficar para trás e tem se queixado de que o furor punitivo do governo pode impedi-las de comer uma fatia significativa do bolo.
Essa nova corrida do ouro foi incentivada pelo presidente Rouhani quando declarou, em Davos, que “o Irã está aberto para negócios.”
Os franceses reagiram com mais rapidez.
Quando 116 executivos de empresas preparavam-se para embarcar para Teerã, Kerry gritou:
“O Irã não está aberto para negócios.”
Ponderou que as tratativas dos franceses “…poderiam contrariar as sanções. Eles serão punidos, se fizerem isso.”
A reação do mais alto escalão americano está sendo interpretada como uma forma de demonstrar ao Senado que Obama continua de pé atrás com os iranianos. Deixando claro que, enquanto não se chegar a um acordo final, nada mudou para o Irã: sua economia continuará castigada pelas sanções, o único modo de obrigar “essa gente” a andar na linha.