Não à “destruição total”: presidente coreano envia ajuda às crianças norte-coreanas

Trump apelou para que os países aliados lançassem pressões ainda mais duras contra a Coreia do Norte.

Moon, o presidente da Coreia do Sul, respondeu doando 8 milhões de dólares e medicamentos para as crianças e mulheres grávidas (com distribuição pela ONU e a UNICEF).

Foi um escândalo, uma “traição,” Shingozu Abe, primeiro-ministro do Japão fez de tudo para dissuadir Moon. E Trump perdeu a calma, onde já se viu a Coreia do Sul atrever-se a dizer não ao seu protetor, os EUA? Ingratos! Desse jeito não dava para acabar com as ambições atômicas de Kim Jong.

Moon respondeu que crianças não podem ser sacrificadas para resolver problemas políticos

Sua ajuda vem em boa hora.

A ONU estima que, atualmente, existem 200 mil crianças norte-coreanas afetadas pela má-nutrição, o que eleva seu risco de morte e os índices de crescimento retardado.

Alimentos,  medicamentos essenciais para tratar crianças de pouca idade e equipamentos médicos compõem o pacote de ajuda sul-coreana.

Cerca de 18 milhões dos 25 milhões de habitantes da Coreia do Norte precisam de assistência devido à escassez de alimentos, informa ainda a ONU.

Por sua vez, a Organização Mundial de Saúde calcula que os índices de mortalidade entre as crianças da Coreia do Norte com menos de cinco anos, chega a 25 por mil, enquanto que na Coreia do Sul não passa de 3 por mil.

Com a aplicação das novas sanções da ONU, seguida pelas novíssimas e mais duras sanções americanas, a importação de gasolina, óleo combustível e alimentos vai ser minimizada.

Haverá uma grande carência desses produtos, terá de haver racionamento.. Como existe uma situação de pré-guerra, o governo vai dar preferência às necessidades do exército.

E as crianças vão ser sacrificadas, passarão fome, sua saúde será ravemenre prejudicada.

8 milhões em remédios e alimentos é pouco para salvá-las.

Mas, talvez o exemplo sul-coreano estimule algumas nações e organizações menos temerosas de Trump- como a Noruega, a Suécia, a Turquia, o Irã e a Europa Unida- a terem vergonha na cara e imitarem o presidente Moon.

É possível até que Kim Jong se abrande com essa generosidade e acabe aceitando negociar com EUA e países vizinhos um acordo justo para todas as partes.

A grande mídia europeia e americana, em geral, destaca a incoerência do presidente sul-coreano, que vinha apoiando as pressões vociferantes de Donald Trump.

Não vejo assim.

Moon foi eleito com uma plataforma de política externa independente, guardando, porém, os tradicionais liames com os EUA. Em relação à Coreia do Norte, ele defendia reuniões diplomáticas para apaziguar Kim Jong e até ganhar sua amizade.

Depois de eleito, suas ações não decepcionaram.

Irritado, Trompa arengou, várias vezes contra a “ingenuidade” de Moon, garantindo que o tempo da diplomacia já passara. Agora era só na base das ameaças!

A princípio, o presidente da Coreia do Sul continuou pregando a paz, mas as pressões do “grande Pai Branco de Washington” eram excessivamente fortes.

Ele acabou apoiando as diatribes de The Donald, mas sempre deixando claro que a diplomacia ainda seria o melhor caminho.

Acho que quando, numa postura digna de Hitler, Trump anunciou que poderia destruir totalmente a Coreia do Norte, foi demais para Moon.

Lembrou ao mundo que havia crianças nessa Coreia do Norte ameaçada de destruição total.

Sua oferta humanitária leva uma mensagem inequívoca a Trump.

Que ele lembre que as crianças norte-coreanas nada tem a ver com sua rixa com Kim Jong-um, Que ele não dê uma de Herodes. Pense, não duas, mas muitas vezes, antes de lançar contra elas o “fogo e fúria’ dos EUA.

E ouça John Lennon, dê uma chance à paz.

Sei que não será fácil. Trump teria de deixar de ser John Wayne, enfrentando à bala o rocket man e sua quadrilha de bad guys. Há ocasiões em que esse papel não é bem visto pela opinião pública. Afinal, o mundo é maior do que o Velho Oeste.

É verdade que a postura de machão agrada muito aos eleitores. Mas mostrar-se generoso pode pegar bem. Talvez valeria a pena que Trump confiasse nos sentimentos humanos do povo americano.

Moon teve a coragem de arriscar seu prestígio. Mesmo sabendo que as pesquisas revelam que a maioria do povo favorece as sanções e pressões, decidiu levar amor ás crianças do Norte, tão feridas pelas sanções e pressões.

Como Mandela uma vez disse, um líder tem obrigação de fazer o que sabe ser certo, ainda que seu povo pense o contrário.

 

 

 

 

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