“Nós abriremos as fronteiras e permitiremos livre movimentação, mas, é necessário esperar mais algum tempo.”
Esta declaração de Al-Maksoud, Ministro de Informações do Egito, foi uma das muitas declarações de membros do governo que alimentaram as esperanças do povo de Gaza.
Agora, elas parecem ter sido desfeitas.
Com a inundação dos tuneis subterrâneos de Gaza, por onde entravam 30% de todos bens disponíveis na faixa, Morsi acaba de voltar atrás em suas promessas de apoio aos habitantes.
Autoridades militares alegam que era necessário para impedir a penetração de milicianos radicais no Egito, como aqueles que teriam matado 16 soldados egípcios em agosto passado.
Fato que os governantes de Gaza negam.
Seja como for, com a desativação dos tuneis, vai aumentar ainda mais o altíssimo desemprego, superior a 30%, e tornar ainda pior a já crítica falta de produtos básicos.
O cimento, por exemplo, que entrava, com muita dificuldade e em quantidade muito inferior ao necessário, para reconstruir a cidade destruída pelos mísseis e bombas israelenses, vai acabar.
Sobre este ponto, a agência de informações palestinas, informa, segundo o Haaretz, que autoridades egípcias estão em avançadas negociações com Israel para a liberação da importação de cimento pela passagem de Rafah.
Não há dúvida de que esta notícia não deixa de ser boa, mas tem também seu lado mau.
Rafah conecta Gaza com o território egípcio.
Por uma questão de soberania, o Egito não precisaria do nihil obstat de Israel para abrir essa passagem.
No entanto, se o fizesse, não somente irritaria Telaviv, como também, e principalmente, seu padrinho da Casa Branca.
Para alguns analistas, o Egito ainda precisa da boa vontade americana para conseguir os empréstimos externos e os investimentos de que sua economia desesperadamente necessita.
Há também quem veja na decisão de Morsi uma forma de agradar aos militares, ainda furiosos com o ataque que eles consideram ter vindo pelos tuneis.
E, no momento em que a oposição faz violentas manifestações contra seu governo, Morsi não poderia dispensar o apoio do Exército.
Os elementos favoráveis a Morsi garantem que o recuo é tático, logo que se sentir forte, ele iria voltar à sua posição de independência em política externa e defesa dos legítimos interesses árabes.
Que não demore muito, do contrário ele verá a oposição tomar conta das ruas, com ainda maior impacto, acusado de submissão a Israel e adversário de Gaza.