Justiça paquistanesa: drones são crimes de guerra.

Os drones americanos acabam de receber dura condenação.

A Suprema Corte do Paquistão, através do juiz Muhamad Khan, declarou o uso desta arma como ilegal diante do direito internacional.

Eles seriam crimes de guerra quando matassem civis inocentes, o que já aconteceu mais de mil vezes.

O juiz paquistanês foi mais adiante: ele ordenou que o governo proibisse os voos da morte dos drones nos céus do Paquistão e solicitasse ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução, exigindo que os EUA parassem de lançá-los.

Caso os americanos se negassem, o governo de Islamabad deveria romper relações com eles.

O PML, provável vencedor das eleições parlamentares, ficará numa situação difícil.

Além do dever legal de obedecer à Suprema Corte, prometeu, durante a campanha, rever as relações com os EUA.

Olhando o passado político do seu líder, Nawas Sharif, nota-se que ele sempre se deu muito bem com os americanos.

Esta amizade tende a se estreitar quando ele for governo, graças aos 3 bilhões de dólares de ajuda militar e subsídios econômicos que vem de Washington.

Certamente, Sharif vai tentar convencer Obama a aceitar a decisão da justiça paquistanesa.

Será que o presidente americano renunciará aos tão queridos drones, por ele celebrados como sua arma favorita?

Se Sharif for firme, Obama terá de pensar duas vezes antes de dizer “não”.

Os EUA não podem se arriscar a perder o Paquistão por diversas razões.

O governo de Islamabad fatalmente se aproximaria do Irã, com o qual já mantém boas relações econômicas. Os dois governos estão até construindo em conjunto um grande gasoduto, fundamental para ajudar a resolver a crise energética do Paquistão.

Além disso, ficaria fechada a rota de transporte dos abastecimentos para o exército da OTAN no Afeganistão, que passa pelo território paquistanês.

E a fronteira entre os dois países também ficaria fechada para as tropas americanas e da OTAN perseguirem talibãs em fuga.

Claro, num braço de ferro desse tipo, o mais forte costuma vencer.

A diplomacia de Washington tem muitos recursos para fazer o tempo passar, entre alegações, negociações e compensações, enquanto o tempo passa, sem nada ser resolvido.

Pode mesmo, num gesto de extrema condescendência, deixar os drones em terra por alguns meses, até tudo ser esquecido.

Será necessário, porém, contar com a boa vontade do novo governo do Paquistão..

E o silêncio da justiça de lá.

 

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