Israelenses ou europeus; quem são mais racistas?

Antes de opinar, esqueça eventuais preconceitos e dê uma olhada nos resultados das pesquisas que apresentamos a seguir.

Eles podem ajudá-lo a formar sua convicção.

Ambas foram realizadas recentemente.

A primeira, da ComRes, patrocinada pela CNN, visava traçar um quadro do anti-semitismo na Europa. Foram entrevistadas 7 mil pessoas na França, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Polônia, Hungria e Suécia.

Os resultados foram preocupantes. O preconceito racial é maior do que se podia esperar de regiões tão avançadas culturalmente.

O número dos respondentes, para quem os judeus pesam de forma excessiva em questões fundamentais das suas nações, superou o imaginado.

Cerca de 25% das pessoas inquiridas acham que os judeus exercem influência indevida nos negócios financeiros, conflitos e guerras pelo mundo.

Para 20%, suas pressões influem também de forma demasiada na imprensa e nos políticos.

O Holocausto é total ou escassamente conhecido por 33% das pessoas.

Houve também respostas que se pode considerar positivas.

Os judeus estão arriscados a sofrerem violências racistas, segundo 40% dos respondentes. E 50% deles acha que seu governo deveria fazer mais para combater o anti-semitismo.

Para 18%, o anti-semitismo em seus países existe devido ao comportamento diário da população judaica.

Parece pouco, mas eu acho muito.

Existir tantos europeus que pensam assim é lamentável, porém não surpreendente, considerando as altas votações nos últimos anos dos partidos nacionalistas de extrema-direita, historicamente inimigos implacáveis dos judeus.

Apesar das respostas na maioria das questões refletirem o racismo de grande parte dos respondentes, quando inquiridos diretamente sobre sua visão dos judeus, apenas 10% disseram ser desfavorável. Nas perguntas sobre casos específicos, o dobro dessa porcentagem revelou que o número de racistas é bem maior.

Os judeus não são os únicos discriminados pelo racismo de tantos europeus.

As pessoas do grupo LGBT são mal vistas por 16%. Os imigrantes por 36%. Os muçulmanos por 37%. E os mais mal amados são os ciganos, que são alvo dos preconceitos de 39%.

Entre os sete países focados na pesquisa, em cinco – França, Polônia, Hungria, Suécia, Alemanha e Áustria, os partidos racistas  estão em ascensão.

Na França, chegaram ao segundo turno nas eleições parlamentares.

Na Áustria aconteceu o mesmo. E pior: o partido ultradireitista local, com ex-nazistas integrando a direção, divide o governo com o Partido Conservador.

Na Suécia, o Partido Democrata Sueco, que nada tem de democrata (pelo contrário), em rota de crescimento, assumiu o terceiro lugar nas últimas eleições.

Performance semelhante foi apresentada pelos ultras na Alemanha.

A Polônia e a Hungria, governadas por partidos ultradireitistas, estão ameaçadas de sanções pela União Europeia por violarem regras democráticas da entidade.

Somente no Reino Unido, os radicais de direita vão mal. Seu partido, o UKIP caiu bastante nas eleições parlamentares.

Pouco depois da pesquisa CNN/ConRes, o Canal 10 de Israel quis avaliar o tamanho do preconceito anti-palestino no país.

Também aqui os resultados foram de amargar.

Nada menos do que 3/4 dos respondentes declararam ser contrários a amizades de um filho com palestinos do sexo oposto.

43% sentem-se incomodados ao ouvirem pessoas próximas falando em árabe (até recentemente, era uma ds línguas oficiais de Israel). 37% sentem a mesma coisa diante do grande número de médicos, farmacêuticos e enfermeiras palestinos.

Para 42% deve-se sempre empregar judeus em vez de palestinos, o mérito deve ficar de lado.

50% se sentiriam muito perturbados se tivessem um vizinho árabe. E o mesmo número de judeus israelenses jamais alugaria um apartamento para um palestino.

É um quadro extremamente perturbador.

Chocante, considerando que nenhuma raça sofreu tanto devido ao racismo quanto a judaica. E agora está passando de vítima a algoz.

Fala-se muito no crescimento do anti-semitismo na Europa, o que é verdade.

No entanto, comparando as duas pesquisas, vemos que o racismo é uma praga que atinge mais judeus israelenses do que cidadãos dos sete países europeus pesquisados.

Um dado indireto é o resultado de pesquisa, focando o plano do governo Netanyahu de deportar os imigrantes africanos para uma terceira nação.

78 dos direitistas israelenses foram a favor, bem mais do que os centristas (38%) e esquerdistas (25%).

O governo Netanyahu estimula e, pior do que isso, toma medidas que empoderam o racismo anti-palestino.

No dia 12 de dezembro, o Knesset (de maioria pró-governo) derrubou projeto que declarava todos os cidadãos israelenses iguais perante a lei, não importa a raça, religião ou credo político.

Entendo, que os judeus olhem torto para seus concidadãos palestinos, levando a situação conflagrada que existe em Israel. Que torna as duas raças inimigas entre si.

Entendo, mas não justifico.

Embora as duas raças lutem por objetivos opostos, esta inimizade não pode pesar em termos individuais.

Seria desumano.

Não é por ser árabe que um cidadão israelense merece ser tratado como um ser desprezível.

Lembro que os palestinos cidadãos de Israel tem posições construtivas para a questão da independência da Palestina. Em recente pesquisa, 83% se afirmaram favoráveis à chamada “solução dos dois países”, independentes entre si.

Apenas 46% dos judeus e  dos palestinos da Cisjordânia (sob ocupação israelense) são favoráveis a essa solução.

 

 

 

 

 

 

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