Finalmente, os EUA baixaram a cabeça e pediram perdão pelo ataque aéreo que matou 24 soldados paquistaneses.
Em nome do seu governo, Hillary Clinton declarou “We are sorry” e reconheceu os erros dos americanos.
Obama ficou fora desse pedido de desculpas para evitar que os republicanos o acusassem de fraqueza.
Com isso, o Paquistão voltou a permitir a passagem pelo seu território dos caminhões de suprimentos para o exército da OTAN no Afeganistão.
Foram 5 meses e meio de bloqueio, que obrigou a OTAN a usar rotas alternativas, a um custo de algo em torno de 1 bilhão de dólares.
Parece que a crise entre EUA e Paquistão chegou ao fim, mas não é bem assim.
O Parlamento paquistanês, apoiado pelo próprio governo, impôs duas exigências para desbloquear a estrada: uma, as desculpas públicas dos EUA pela morte dos 24 soldados foi aceita.
No entanto, o requerido fim dos ataques de drones no Waziristão não aconteceu.
Grande número de facções paquistanesas, inclusive o DEFA e Conselho do Paquistão, que reúne 40 organizações religiosas radicais, programaram uma grande marcha de protesto em direção à capital, Islamabad.
O DEFA, em conjunto com o Jamiat-e Ulama-e Islam (JUI), um importante partido religioso, publicaram declaração afirmando que a religião proíbe que o solo do Paquistão seja usado para transportar suprimentos para matar muçulmanos em outro país.
Blocos políticos seculares protestaram, lembrando que a reabertura da fronteira tinha sido condicionada também ao fim dos vôos mortíferos dos drones.
E isto é apenas o começo.
Aguarda-se reações mais agressivas do Parlamento, por ter sido desconsiderada sua resolução contra a continuação dos dones, e dos principais candidatos a presidente das oposições.
Eles não deixarão de aproveitar este recuo para atacar o governo por submissão aos EUA.
O que pode causar estragos na imagem do Presidente Zardari, pois os americanos são vistos como inimigos por 74% dos paquistaneses (pesquisa Pew).