A política imperial dos EUA tem levado o país a intervir militarmente, depois da 2ª Grande Guerra, em uma série de países.
Primeiro foi na guerra da Coréia, depois na do Vietnam, seguida pelas invasões do Iraque e do Afeganistão, sem contar uma série de conflitos menores.
Daí a necessidade do país ter as forças armadas mais poderosas do mundo, consumindo verbas gigantescas em armamentos.
Cerca de 65% do orçamento tem sido aplicado na defesa, o que representa mais da metade do que todo o resto do mundo gasta nesse setor.
Para justificar essa situação, os sucessivos governos enaltecem o heroísmo americano, seu nobre papel na garantia da ordem mundial e dos direitos humanos.
Sensíveis a esses apelos, os americanos costumam aceitar as convocações ao patriotismo e a vibrar com os feitos militares dos “our boys”.
Ultimamente nota-se que alguma coisa mudou.
Parece que o povo cansou-se de tantas guerras para “salvar a democracia”, que só tem servido para torrar o dinheiro dos impostos e jogar pra baixo a imagem internacional dos EUA, além de enriquecer as indústrias de armamentos, às custas das vidas de milhões de soldados americanos e civis de outros países.
Recentíssima pesquisa do Programa de Consultas Públicas da Universidade de Maryland mostra que ¾ dos americanos querem corte das despesas com a defesa para reduzir o déficit federal.
67% dos republicanos e 90% dos democratas partilham dessa opinião.
Outra pesquisa reforça essa impressão de que o povo prefere que Tio Sam pare de brigar lá fora.
Foi feita pela AP/Gfk e mostra que 66% dos americanos opõem-se à continuação da Guerra do Afeganistão. Apenas 8% a apóiam.
Muito vivo, o Presidente Obama anunciou a retirada das tropas do Afeganistão para o fim do ano que vem.
Não mencionou o fato de que Forças Especiais e da CIA, em número que se presume será próximo a 25 mil, permanecerão combatendo.
O Partido Republicano, firme defensor dos EUA “master of the world”, vai no sentido oposto.
Enquanto Obama propõe cortes de 5,2 bilhões de dólares nas despesas com a defesa, 1% a menos do que neste ano, eles, que são maioria na Câmara dos Representantes, querem adicionar 1,1 bilhão.
Nesta verba estão incluídos 680 milhões de dólares para os sistemas anti-míssil Iron Dome, que irão para Israel.
Tendo os republicanos já assegurado o apoio de muitos congressistas democratas, será difícil para Obama vetar, ainda mais porque seria acusado de tratar mal o “aliado preferencial” da Casa Branca.
Mas o ardor bélico republicano não fica nisso.
No seu afã de cortar despesas para reduzir o déficit orçamentário, Obama propõe reduzir o número de aviões e pessoal da Air National Guard and Reserves. Os parlamentares do GOP (Great Old Party) querem o contrário: gastar mais 500 milhões.
Por sua vez, Mitt Romney, o candidato republicano à presidência, tem idéias bastante ambiciosas.
Para ele, tudo que os EUA gasta com forças militares é pouco.
No intuito de manter a superioridade desejada, o candidato republicano aumentaria o exército americano em mais 100 mil homens.
Obama propõe o contrário: menos 80 mil no exército e menos 20 mil na marinha, nos próximos 5 anos.
Voltando aos debates orçamentários que ora acontecem no Congresso americano, os republicanos defendem cortes nas despesas sociais para compensar os aumentos nos gastos militares que eles defendem.
Deverão ser cortados os vales-alimentação distribuídos a 1,8 milhão de americanos pobres, sem recursos para comprar comida.
Cerca de 280 mil crianças não terão mais direito a merenda escolar.
Assistência a idosos pobres também poderá ser dificultada.
Regras rigorosas serão aplicadas à concessão de assistência a crianças pobres para evitar que se beneficie imigrantes ilegais.
Outras medidas objetivam reduzir os benefícios a funcionários federais aposentados.
O mais contestado corte é o que recai sobre os vales-alimentação.
Estima-se que em ¾ dos lares beneficiados há uma criança, um deficiente físico ou um idoso.
“Fazendo todas as reduções recaírem sobre as pessoas mais vulneráveis, que não são poderosas o suficiente para terem lobistas que lutem por seus interesses, eu penso ser um erro terrível”.
Esta frase, surpreendentemente, é de um republicano, o representante (deputado) Lloyd Doggett.
Trata-se de uma exceção, num partido que prefere sacrificar o povo por mais armamentos, às vezes tão inúteis que até os próprios militares dispensam.
Como no fato que narro a seguir.
Os congressistas do Partido Republicano vem pressionando o governo para que construa uma barreira anti-míssil, que cubra todo o leste dos EUA.
Argumentam com a necessidade de proteger a população do país contra mísseis com ogivas nucleares, que poderiam ser lançados pelo Irã ou pela Coréia do Norte.
Seria uma obra monumental, que renderia quantias fantásticas às indústrias de armamentos.
Com as finanças públicas fazendo água, o governo pôs as mãos na cabeça.
A ajuda veio de quem menos se esperava: dos militares.
Mais especificamente do General Martin Dempsey, Chefe do Estado Maior Conjunto, que declarou que o projetado “escudo de defesa” era inútil.
De fato, conforme o Tenente-General Patrick O`Reilly, Chefe do programa de Defesa de Mísseis dos EUA, a Coréia do Norte tinha progredido muito pouco no seu programa balístico, carecia de condições de atingir o território americano.
E Paul Pilar, antigo analista do Oriente Médio, da CIA, informou que “a comunidade de inteligência não acredita que eles (os iranianos) tenham alguma vez chegado perto de construir um míssil balístico intercontinental.”
De qualquer modo, o General Dempsey assegurou que o sistema existente é perfeitamente capaz de proteger a costa leste contra projéteis balísticos.
Este noticiário está interessantíssimo. Eu havia lido hoje (Estadão de 6ª) que o Obama “voltou”. Você já disse diferente : “muito vivo” anunciou a retirada do Afganistão ano que vem. (Sem se falar nos casamentos dos gays, muito oportuna sua declaração).
Vamos ver! Acho os Republicanos ( ô,raça!) ensandecidos, mais do que sempre foram, porque o momento é outro, e eles não percebem, eles odeiam pobre, mas isto está ficando perigoso.
O Obama acaba de se antecipar aos republicanos e aumentar os orçamentos militares em 680 milhões para o sistema anti-míssil Iron Dome, para proteger Jerusalem. Não sei qual o serviço de assistência a pobres, deficientes ou crianças que terá suas verbas reduzidas ou mesmo cortadas.
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