A guerra contra o acordo nuclear com o Irã continua correndo solta no Congresso americano.
Pelas últimas notícias, uma lei que impõe novas sanções ao Irã já contaria com 59 senadores, 7 menos ao necessário para derrubar o esperado veto de Obama, caso aprovada.
16 senadores democratas juntaram-se a todos os republicanos, menos 2, alegando que a lei não detonaria a paz nuclear pois as sanções só se aplicariam se não acontecesse um acordo definitivo no fim de 1 ano. Ou se nesse prazo os iranianos não cumprissem suas obrigações.
Mas é um argumento furado, que só convence quem não leu o texto da lei.
Ele diz que as novas sanções também seriam aplicadas se Teerã promover testes de mísseis balísticos com alcance superior a 500 quilômetros, o que não tem nada a ver com a questão nuclear. Além disso, é uma exigência que representa uma clara violação da soberania iraniana.
Mais: pela lei, o acordo final deve incluir o desmantelamento total do programa nuclear iraniano, como Netranyahu deseja e Rouhani jamais poderá aceitar.
Pior ainda, os EUA se obrigam a entrarem na guerra ao lado de Israel, caso o governo de Telaviv decida atacar o Irã.
Com isso, os EUA se tornariam caudatários da política externa israelense. Num certo sentido, coisas semelhantes já aconteceram várias vezes, mas nunca ao ponto de levar o país a uma guerra, totalmente contrária aos desejos do seu povo.
Até há pouco, as chances das novas sanções pareciam boas.
No entanto, parece que os senadores democratas começam a abrir os olhos. Muitos deles já sacaram a armadilha e estão caindo fora da lista dos adversários da paz com o Irã.
Para grande desgosto da AIPAC (maior lobby pró-Israel dos EUA), que articula a blitz contra o acordo nuclear.
Por sinal, os dois autores dessa lei desastrosa, Robert Menendez e Mark Kirk, foram os senadores cujas campanhas eleitorais receberam as mais vultosas ajudas financeiras da AIPAC.
E assim caminha a humanidade.