Guantanamo: médicos americanos condenam alimentação forçada.

Entre os 166 detentos de Guantánamo, cerca de 104 deles estão em greve de fome para protestar contra sua prisão indefinida e sem julgamento.

43 já perderam tanto peso que sua vida corre perigo, o que seria péssimo para a imagem do governo Obama.

Pense só nas manchetes: “Preso há 10 anos, sem julgamento, morre em greve de fome”, “Governo americano desrespeita a Constituição e presos morrem de fome”…

Para evitar esse problema, o Pentágono decidiu alimentar à força os presos em risco de vida.

Quem faz este trabalho são os médicos militares, através de um tubo que, enfiado no nariz do “paciente”, injeta comida no seu estômago à força.

Este procedimento é condenado pela ONU.

Diz o porta voz de sua Comissão para Direitos Humanos, Rupert Coville: “Se é sentido (a alimentação forçada) como tortura ou tratamento desumanoo que é o caso porque doloroso- então é proibido pela lei internacional”.

Três conceituados médicos americanos – os drs. George Annas, Sandra Crosbuy e Leonard Glantz- escreveram artigo no New England Journal of Medicine sobre o assunto.

“Os grevistas de fome não estão tentando cometer suicídio. Na verdade, estão dispostos a arriscar suas vidas se os seus pedidos não forem atendidos.”, eles afirmam. “Seu objetivo não é morrer mas tornar conhecidas as injustiças que sofrem.”

Para os três doutores americanos, a greve de fome é uma atividade política não um problema médico.  Os médicos de Guantánamo estariam sacrificando seus deveres éticos ao permitir o uso de suas capacidades profissionais para objetivos políticos.

Eles apelam para que seus colegas de Guantánamo neguem-se a participar da alimentação forçada dos detentos. Afinal, eles tem as mesmas obrigações em relação à ética médica, quanto os militares em relação à Constituição.

Por fim, os três médicos lembram que a posição das associações médicas americana e mundial (que representa cerca de 100 países) é de que a alimentação forçada de adultos mentalmente  sãos é uma violação da ética médica.

Vale citar o depoimento de quem conheceu por experiência própria o que se sente ao ser alimentado à força.

São palavras de Samir Naji al Hasan Moqel ao New York Times (15/4/2013): “Foi uma sensação de agonia no meu peito, pescoço e estômago. Nunca antes experimentei uma dor assim.”

Na verdade, ignorar decisões da ONU, leis internacionais e princípios éticos já se tornou um hábito da administração dos EUA.

Até quando?

 

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