Por imposição do exército de Israel, palestinos suspeitos de ligações com o terrorismo podem ficar presos indefinidamente, sem direito a processo legal. É o que eles chamam de “prisão administrativa”.
Em teoria, as penas tem prazo de 6 meses que, no entanto, são renovados quantas vezes a autoridade militar quiser.
A justificação, aceita pelos tribunais israelenses, é que, caso os suspeitos fossem processados, seriam revelados os nomes dos informantes que ficariam em perigo. Com isso, todos os palestinos são privados de um dos direitos inalienáveis do homem, que é o de defender-se num julgamento justo. A qualquer momento podem ser presos e encarcerados por até muitos anos, basta que alguma autoridade militar assim decida.
No momento, mais de 300 palestinos estão sob prisão administrativa.
Contra essa forma de prisão perpétua sem julgamento, além das más condições carcerárias – maus tratos, limites às visitas familiares, excesso de prisões solitárias e proibição de livros- de 1.500 a 2.500 prisioneiros estão em greve de fome.
Muitas manifestações tem se realizado na Palestina ocupada e em Israel. O governo de Telaviv até aceita abrandar o rigor dos cárceres, mas não renuncia às prisões administrativas.
A maioria dos grevistas começou a recusar comida nas últimas semanas.
A Cruz Vermelha Internacional revelou que os 6 palestinos que entraram em greve de fome há mais tempo, estão em gravíssimas condições de saúde.
Todos eles estão sem comer há mais de 50 dias, sendo que dois, em 13 de maio, já jejuavam há 77 dias, 13 dias mais do que Kieran Doherty, o mais longevo sobrevivente dos 10 irlandeses que fizeram greve de fome no governo de Margareth Thatcher, em 1981.
A greve de fome é uma das novas táticas recomendadas por Barghouti, hoje o mais prestigiado líder palestino.
Do fundo de sua cela, numa prisão de Israel, ele declarou morto o processo de paz e propôs que os palestinos adotassem a não-violência e a não-colaboração com Israel.
No entanto, a não-violência da greve de fome e do movimento que pede a libertação
dos encarcerados em prisão administrativa corre riscos.
Falando à Reuters, Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestina, advertiu: “É muito perigoso. Se alguém morrer, hoje, amanhã ou daqui a uma semana, seria um desastre e ninguém poderia controlar a situação.”
Existe grande ressentimento, um ódio acumulado pela população contra as violências e humilhações diárias que lhe são impostas pelas forças de ocupação de Israel.
Nada menos do que 20% da população está ou já foi presa pelos israelenses, de acordo com os ativistas.
As apreensões de Abbas tem razão de ser.
Como disse Ahmad Zidan, irmão de um dos jejuadores: “Se alguém morrer, haverá uma 3ª Intifada, que incluirá tanto violência quanto não-violência”.