O povo de Kiev obrigou o presidente a fugir e impôs um novo governo, pró-Ocidente e contra a aliança com a Rússia.
Tudo à revelia dos habitantes do leste e do sul da Ucrânia, majoritariamente russos ou de família russa.
Eles não ficaram nada satisfeitos.
Especialmente depois que o novo governo revogou lei que declarava a língua russa a segunda língua oficial do país.
Movimentos populares começaram a explodir em diversas cidades.
No importante centro industrial de Donetsky, o povo exigiu a demissão do novo governo, a volta do acordo -firmado por Yanukowizky com a oposição antes de sua demissão- e investigação das mortes de manifestantes e policiais na praça Maidan.
Em Karkof, os manifestantes pediram que Putin “garantisse seus direitos e sua liberdade” e encaminhasse à ONU aprovação de referendo sobre a federalização da Ucrânia.
Em Dnepropetrovsk, a multidão invadiu o escritório do prefeito nomeado por Kiev- o oligarca Taruta –denunciou o golpe de Kiev e exigiu o referendo da federalização.
Em Nikolaiev, mais de 5 mil pessoas clamaram por esse referendo, além de apoiar o referendo da Criméia.
Diante desta perigosa mobilização de populações, que representam 40% do país, o governo de Kiev foi hábil.
O primeiro ministro Yatseniuk falou na TV em russo, garantindo que seu governo não irá procurar se juntar à OTAN – acusação feita pelos adversários.
E, para agradar ainda mais à população de etnía russa, proclamou que pretende “construir uma parceria genuína e boas relações com a Rússia.”
Prometeu ainda descentralizar a administração e dar mais poderes e autoridade aos governos locais.
Quase admitiu a autonomia desejada pelas regiões do sul e do leste, que as faria semi-independentes do poder central.
Todas estas belas palavras suscitaram dúvidas logo no dia seguinte.
Num incidente em Sinferopol, o governo de Kiev afirmou que tropas russas haviam atacado uma base ucraniana matando um militar e ferindo outro. Diante disso, estava autorizando suas tropas na Criméia a abrirem fogo, quando necessário.
Ora, a versão do governo da Criméia é diferente.
Teria havido uma troca de tiros entre soldados ucranianos e membros das forças de auto defesa locais, NÃO RUSSAS, com um morto de cada lado.
Uma atitude prudente seria enviar-se uma comissão neutra para investigar o caso, antes de partir para declarações belicosas.
Mas a paixão falou mais alto.