Foi uma verdadeira bomba. Descobriu-se que o governo do pacífico e civilizado Canadá admite o uso circunstancial de torturas.
A oposição liberal revelou a existência de uma ordem do governo conservador no sentido de que sua agência de espionagem poderia aceitar informações obtidas através de torturas. Claro, somente em casos extremos, quando a segurança pública estivesse ameaçada.
Só que o conceito de “segurança pública ameaçada” é muito subjetivo, não tem uma definição precisa.
O Ministro da Segurança Pública, Vic Toews, procurou defender o governo, afirmando: ”Informações obtidas por tortura são sempre
descartadas, mas pode alguém com segurança ignorá-las quando vidas e propriedades de canadenses estão em perigo?”
A oposição não aceitou esta argumentação, dizendo que ela significa que o governo está indiretamente apoiando a tortura.
O líder interino do Partido Liberal solicitou o comparecimento de Toews à Câmera dos Comuns para prestar esclarecimentos. E fez uma pergunta: “Por favor, que ele explique como a diretiva que ele está apresentando é de alguma maneira compatível com as obrigações do Canada em relação à lei internacional.”
Recorda-se que, em 2009, o diplomata canadense Richard Colvin denunciou que, durante a Guerra do Afeganistão,soldados do seu país, rotineiramente, entregavam os prisioneiros aos soldados afegãos que rotineiramente os torturavam. Entre 2006 e 2007, Colvin apresentou 17 relatórios sobre essas ocorrências. Inicialmente, eram ignorados, depois de um certo tempo, recebeu ordens do governo para não mais colocar suas denúncias no papel.