Até que Maria Antonieta foi humana.
Seu “por que não comem brioches? ”- é bem menos acintoso do que o conselho dado ao povo pelo general Mohamed Mansour, membro graúdo dos serviços de segurança egípcio.
Ele apelou para que todos parassem de reclamar da fome e da pobreza. Isso pelo bem da pátria, é lógico.
Num vídeo na mídia social, o ilustre cabo de guerra considerou o povo do seu país “rude” por se queixar dos preços em alta e da escassez de alimentos.
Concretizando seu apelo à fome popular, ele sugeriu que cada um abrisse mão do jantar diário. Com esse jejum patriótico, os egípcios deixariam de aborrecer o marechal Sissi, que teria coisas mais importantes em que pensar.
O chato é que o povo ignorou os filosóficos conselhos e sugestões do general Mansour.
Manifestações explodiram nas ruas de 14 cidades, protestando contra os cortes do governo nos subsídios ao pão, que elevaram seu preço às alturas.
A mídia social mostrou vídeos de multidões de pessoa em Alexandria, indignadas pela recusa das padarias em aceitar cartões de subsídio, que inúmeros egípcios pobres usam para ganhar uma ração de pão.
Em novembro, para receber um empréstimo de socorro do FMI, no valor de 12 bilhões de dólares, o governo Sissi flutuou a libra egípcia e cortou os subsídios dos combustíveis.
Como resultado, a inflação foi a 31%, em fevereiro.
Já que à inevitável alta do custo de vida não correspondeu um aumento dos salários, o povo egípcio terá mesmo de atender aos conselhos do general Mansour.