EUA e Paquistão: divórcio possível?

Os ressentimentos se sucedem e amizade íntima entre EUA e Paquistão parecem estar ameaçando chegar a um ponto de ruptura.

Dia 6 deste mês, em Kabul, Leon Panetta, Secretário de Defesa dos EUA, foi enfático: “Estamos perdendo a paciência com o Paquistão.”

A causa se relaciona a “santuários” dos talibãs no Waziristão do Norte, de onde eles partem para atacar os americanos no Afeganistão. E para onde fogem quando perseguidos.

Panetta está indignado porque o Paquistão se recusa a lançar uma ofensiva para expulsar ou aniquilar esses grupos que tanto estrago causam.  Há muito tempo que os EUA vem insistindo para que o governo de Islamabad entre em  ação, mas este finge que não ouve pois teme  provocar uma guerra civil.

Os americanos tem outro grave motivo de queixas.

Os paquistaneses exigem altas somas para permitir que os comboios de suprimentos para a guerra do Afeganistão passem por seu território. O que obriga a OTAN a usar uma rota alternativa pela Ásia Central, o que implica em gastos absurdos. E muito tempo perdido.

Por sua vez, o Paquistão também está perdendo a paciência com os EUA.

Os drones americanos– aviões sem piloto –  não param de despejar mísseis sobre as regiões que fazem fronteira com o Afeganistão, matando tanto os indesejáveis talibãs, quanto pacíficos camponeses.

Por mais que ministros e parlamentares reclamem contra esse massacre de inocentes, que também  viola a soberania do Paquistão, exigindo o fim dos vôos dos drones, Obama nem se toca. Diz que os drones são necessários para combater o terrorismo. E fim de papo.

No fim do ano passado, a aviação americana eliminou, por engano, 24 soldados de um posto militar do Paquistão. Obama lamenta, mas recusa-se a pedir desculpas.

Inquérito do exército americano concluiu que houve erros recíprocos.

Já para o inquérito militar paquistanês, somente os sobrinhos de Tio Sam fizeram besteira.

Todos estes fatos provocaram e continuam provocando manifestações de anti-americanismo por todo o Paquistão. O que sobra para o governo, acusado de fraqueza por não tomar nenhuma atitude em defesa da honra do país e das vidas de seus habitantes.

Pensando nas próximas eleições, convém ao Presidente Zardari associar-se à irritação do povo em relação aos EUA.

Com a paciência das duas partes chegando ao limite, é possível esperar desdobramentos até outro dia impensáveis na região.

 

 

 

 

 

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