A compra pela Síria do sistema anti- míssil S-300, fabricado pela Rússia,é absolutamente lógica.
Bombardeada 3 vezes por Israel e ameaçado de possíveis ataques pela aviação de países inimigos, o governo de Damasco tem todo direito de se defender.
O S-300 é uma das mais eficientes barragens anti- aéreas, capaz de interceptar mísseis ou aviões intrusos a uma distância de até 200 quilômetros.
Por isso mesmo, Israel protestou: como poderiam seus aviões voltar a bombardear cidades sírias tranquilamente?
Não ficou nisso: seu governo ameaçou atacar Damasco para destruir o sistema antes que fosse operacionalizado.
Lembro que , em 1938, Hitler ameaçou destruir a então Checoslováquia caso o país não desmontasse suas fortificações nas fronteiras com a Alemanha.
Na ocasião, a Inglaterra e a França forçaram os checos a aceitar, seria o jeito de acalmar o ditador nazista e evitar a 2ª. Guerra Mundial…
74 anos depois, os EUA imitam as duas democracias europeias.
O secretário de Defesa, John Kerry, apelou para que a Rússia não fornecesse o S-300 à Síria pois representaria um perigo para a segurança israelense.
Como se bombardear Damasco fosse um direito de Israel, que não poderia ser “violado” pela Síria…
Os russos argumentaram com o óbvio: seu sistema anti- míssil era uma arma de defesa, só ameaçava aviões que ilegalmente atacassem a Síria.
E não iriam pesar na guerra civil, pois os rebeldes não tem nem mísseis, nem aviões.
Seria esperar demais que os EUA condenassem a truculência de Israel ou que convencessem Netanyahu a se moderar.
Mas, pelo menos, que ficassem quietos.
Infelizmente, a política dos EUA no Oriente Médio é feita em função dos interesses de Israel, ditados pelos seus representantes, que são maioria no Congresso americano.
Defendendo o negócio com a Síria, Putin afirmou que era perfeitamente transparente e legal.
Aproveitou para lembrar que o Reino Unido acabou de patrocinar um tratado internacional proibindo a venda de armas para entidades não- governamentais.
Ele espera que todos os países da ONU respeitem este tratado.
Se isso acontecer, Qatar e Arábia Saudita ficarão impedidos de continuar fornecendo armamentos aos rebeldes sírios.
A França e o próprio Reino Unido, que recentemente pressionaram e pela suspensão do embargo europeu de armas para os rebeldes, ficarão numa saia justa.