Parece incrível, mas ainda existe escravidão no mundo.
Mais incrível ainda! Quem luta contra essa barbaridade pode ser legalmente preso e condenado a longas penas de prisão.
Na Mauritânia, os membros de uma certa casta – os haratin – vivem num sistema hereditário de escravidão, sendo obrigados a trabalhar de graça como pastores de gado e servos domésticos.
Existe uma proibição oficial desse perverso costumes. Mas não é obedecida, as tradições tribais por vezes acabam prevalecendo.
Entre fim de junho e início de julho, 13 haratins foram presos depois de manifestação pública de uma comunidade majoritariamente habitada por gente desta casta.
O protesto era contra a relocação à força da população da comunidade, quando a capital da Mauritânia se preparava para receber uma reunião de cúpula da Liga Árabe.
Os 13 eram ativistas anti-escravagistas.
Todos eles denunciaram que foram torturados na prisão durante as preliminares do processo a que foram submetidos.
No fim, a corte os considerou culpados de atos de violência e os condenou a penas de prisão que variavam entre três e 15 anos, no que advogados locais chamaram de “um travesti de justiça”.
Os grupos internacionais de direitos humanos criticaram o processo, especialmente o veredito.
E a Anistia Internacional afirmou que os réus foram “acusados falsamente” devido à sua ação no grupo que combatia a escravidão.
Biran Dan Abeid, conceituado ex-escravo mauritânio, ativista anti-escravagista e ex-candidato à presidência, denunciou o “chocante, vergonhoso e cúmplice” silêncio da União Africana sobre a questão da escravidão na Mauritânia.
Também o silêncio da ONU me parece exageradamente ruidoso.