Há poucos meses, a primeiro-ministro do Reino Unido, Teresa May, negou de pés juntos a possiblidade de antecipar as eleições.
Seria absurdo, discusting, mergulhar o Reino Unido nas discussões políticas que tais eventos costumam causar, justo quando o país precisa concentrar-se na regulação da saída da União Europeia.
Indiferente às ponderações de Downing Street, Nicola Sturgeon, primeiro- ministro da Escócia, propôs um novo referendo sobre a independência da terra do verdadeiro uísque.
Tinha seus motivos.
Com o Brexit, o Reino Unido não será mais o mesmo.
No primeiro referendo, o povo optou por manter a Escócia naquele país que está mudando, não neste, diferente por ter se desligado da União Europeia.
Seria necessário um segundo referendo para conferir se o povo quer ou não a independência do novo Reino Unido pós-Brexit.
Teresa May rejeitou a proposta de Sturgeon, usando o mesmo argumento com que anteriormente se negara a antecipar as eleições parlamentares: não era hora de dispersar atenções em questões que poderiam ficar para depois.
Mas, o tempo passou, muito rápido aliás, e pesquisas apontam que 49% do povo inglês considera a sra.May a melhor escolha para dirigir a nação, 20 pontos na frente do esquerdista Jerome Corwyn.
Bem, políticos não costumam perder oportunidades, e Teresa deu o dito por não dito e propõe antecipar as eleições para junho. Se esperar por 2020 (o prazo legal), diz ela, o Reino Unido estaria conturbado pelos problemas decorrentes de sua recente mudança para fora da Europa. Não seria adequado, obrigar o povo a tomar decisões que, numa eleição, precisam ser de cabeça fria.
Sem contar (e principalmente) que, com o Partido Conservador em posição mais favorável do que nunca, às custas da luta interna no Partido Trabalhista, o governo conquistaria uma maioria no Parlamento ainda maior do que atualmente tem.
Reagindo ao oportunismo da primeiro-ministro, Jerome Corwin, o líder trabalhista, acusou Teresa de naõ ter palavra (shocking, numa dama inglesa), mas não rejeitou esta maracutaia à moda inglesa. Talvez, por achar que, numa campanha eleitoral, poderia mudar tudo a seu favor ou talvez por ter vocação suicida, considerando suas chances atualmente irrisórias, de acordo com as pesquisas.
Já Nicola Sturgeon, a primeira-ministra escocesa, aceitou a manobra conservadora, com inesperada alegria.
Ela acredita que seu partido, o Partido Nacional Escocês (SNP), vai ganhar no país das gaitas de fole por uma maioria tão esmagadora, que a oposição da sra.May ao segundo referendo irá desmonorar.
Nicola lembra ainda que, no referendo do Brexit, 62% dos habitantes da Escócia foram contra.
Entre ficar num Reino Unido separado da Europa e criar um país independente, aproveitando as vantagens de ser membro da União Europeia, tanto as lowlands, quanto as highlands votarão pela independência.
Ainda mais porque porque Nicole é muito mais simpática do que a sra.May, que, imagine, tem por ídolo Margareth Thatcher, a popular “dama de ferro.”