Em 2009, o primeiro-ministro Bibi Netanyahu comprometeu-se formalmente a defender a “solução dos dois Estados” independentes.
Nos anos seguintes, provou-se que ele mentira. Embora continuasse garantindo ser a favor dessa solução, aprovada pelos EUA e Europa, tratou de sabotar todas as negociações feitas para concretizá-la.
Seis anos depois, durante a campanha eleitoral israelense, o líder direitista garantiu a seu povo que , com ele no poder, jamais existiria uma Palestina independente.
Suas ações anteriores mostravam que, desta vez, ele estava sendo verdadeiro.
No entanto, os líderes ocidentais ficaram chocados diante da contradição do premier com suas afirmações públicas.
Sentindo-se enganados, Obama, Merkel e Hollande ligaram para Telaviv, protestando veementemente.
Em seguida, Netanyahu mentiu pela segunda vez.
Uma semana depois de sua declaração anti-Palestina, teve a cara de pau de declarar, em entrevista à BBC, não desejar a existência de um único Estado na região.
Como ninguém cogita poder haver ali três ou mais Estados, a conclusão óbvia é que o líder direitista voltava a se mostrar favorável à “solução dos dois estados”.
Portanto, desmentiu o que havia desmentido.
Obama parece não ter engolido essa nova versão do pensamento do israelense.
Através do seu porta-voz, Josh Earnest, disse que Netanyahu não foi suficientemente clara com essas idas e vindas.
Viu-se ironia quando declarou: “Os comentários divergentes do primeiro ministro tornam questionável seu compromisso com a” solução de dois Estados”. Ele demonstrou fraqueza no seu compromisso…E penso que, ao falar assim, estou sendo bondoso.”
O certo é que Netanyahu perdeu toda credibilidade que ainda tinha nos meios internacionais.
Como diz o velho ditado inglês “é preciso dois para dançar o tango” (it takes two to tango). E sem a aceitação de Israel, não dá para falar em decisões multilaterais, através de negociações entre as partes.
O reconhecimento da Palestina pelo Conselho de Segurança da ONU não pode ser mais contestado.
Resta ainda analisar como os partidos de extrema direita e os eleitores do Likud vão reagir diante das surpresas do seu “duas vezes Pinocchio”.
Acho que se sentirão traídos.
E aí, continuarão o apoiando?