Ao assumir o poder, derrubando o presidente Morsi, o governo militar prometeu que não perseguiria seus adversários.
As cortes judiciais do país mostraram que não era bem assim.
Logo no primeiro julgamento em massa de manifestantes pró-Morsi foram condenando 529 deles à pena capital.
A causa foi a morte de um único policial que atuava na repressão do protesto.
O processo foi declarado pela comunidade internacional como absolutamente ilegal.
Personalidades e associações de direitos humanos ainda estavam criticando essa sentença quando as mesmas autoridades judiciárias anunciaram as conclusões de dois novos processos.
No primeiro, 715 pessoas foram condenadas à morte por terem promovido protestos em prédios públicos.
No outro, 214 receberam a mesma pena por terem sido considerados culpados “de incitar à violência ao se oporem ao golpe militar contra o presidente eleito do regime anterior”.
No total, 2.131 adversários políticos da ditadura militar foram condenados à pena de morte pelo crime de promover atos públicos anti-governo.
Mais recentemente, em 16 de março, a corte criminal da cidade de Giza pronunciou mais 14 penas de morte, inclusive atingindo Mohamed Badie, líder espiritual da Irmandade Muçulmana.
Essa organização, a qual pertencia o deposto presidente Morsi, é a única força política que faz frente ao regime militar.
Como estratégia política, os donos atuais do poder classificam a Irmandade como terrorista, coisa que ela não é nem de longe.
É tão grande o ódio dos militares contra a Irmandade Muçulmana que seu líder espiritual, recentemente condenado em Giza, já tinha recebido essa mesma pena no ano passado.
Por sinal que foi num julgamento que durou o tempo recorde de 18 minutos, no qual o advogado de defesa não foi sequer autorizado a falar.
Talvez para não se perder tempo já que a condenação já estava previamente decidida.