Parece incrível: nos EUA, o país mais rico do mundo, os trabalhadores não recebiam acréscimo algum por horas-extra eventualmente trabalhadas.
Até no Paraguai e em muitos países da atrasada África sua legislação social garante esse direito. Em alguns deles, há dezenas de anos.
Finalmente, o presidente Obama vai acabar esta autêntica vergonha nacional.
Ele anunciou que o Departamento do Trabalho está finalizando uma lei que levará esta justa medida a 4,2 milhões de cidadãos americanos.
Na verdade, horas-extra pagas em dobro já eram lei— o Fair Labor Standards Act – desde os tempos de Roosevelt.
Nos governos posteriores, ajustes fiscais e ações dos lobistas das empresas conseguiram reduzir o alcance da lei, excluindo muitas famílias de sua proteção.
Basta dizer que enquanto em 1975, 60% da população trabalhadora recebiam o pagamento das horas extras em dobro, atualmente apenas 7% são contempladas.
“Essa política simplesmente não acompanha o nosso tempo”, disse Obama, no discurso que anunciava este avanço, embora atrasado, nos direitos sociais dos trabalhadores americanos.
A partir de 1 de dezembro, eles passarão a ganhar o dobro para cada hora que trabalharem além do limite nacional de 40 horas semanais. Exatamente como no Brasil, desde os longínquos tempos do governo Getúlio Vargas.
Não pegava bem para a nação que lidera grande parte do mundo manter uma forma de pagamento mais própria do capitalismo manchesteriano (forço um pouco a barra nessa comparação).