Em 1994, o mundo horrorizou-se com o genocídio em Ruanda, que fez 1 milhão de vítimas inocentes. Envergonhada por sua ação tíbia para evitar o drama, a comunidade internacional fez um voto: “Ruanda nunca mais”. Promessa vazia.
Menos de 10 anos depois, em Darfur, no Sudão, a tragédia se repete. Novamente a população civil é objeto do mais cruel processo de destruição. De acordo com recente informe do Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas, 2.500.00 pessoas foram expulsas violentamente de seus lares, 200.000 obrigadas a fugir para o Chad, 400.000 morreram devido a violências ou falta de alimentação e 3.500.000 passam fome.
Em fevereiro de 2003, soldados do Exército do Movimento de Libertação do Sudão (SLA) e do Movimento pela Justiça e Equidade (JEM) atacaram instalações federais na região de Darfur, Sudão Oeste. O governo reagiu bombardeando as forças rebeldes e as aldeias tidas como desleais. Mobilizou e armou também uma milícia de paramilitares, o Janjaweed, que passou a praticar atentados em massa contra a população dessas aldeias: assassinatos, destruição de casas e edifícios comunitários, estupros, torturas, queimas de colheitas e até envenenamento da água. Configurou-se um verdadeiro genocídio, forçando os habitantes a fugirem para longe, num verdadeiro e trágico êxodo.
Por sua vez, os rebeldes retaliaram, embora com menor violência e amplitude.
Ao contrário do que se tem noticiado, não se trata de uma guerra entre árabes islamitas e negros. Tanto os Janjaweeds quanto o outro lado são negros e islamitas. O que há é uma campanha de “limpeza étnica”, com apoio do governo, promovida pelos Janjaweeds – membros da Baggara, uma tribo nômade de pastores, criadores de gado – contra as tribos Fur, Masalit e Zakawa, que são agricultores sedentários.
A comunidade internacional levou mais de um ano para reagir.
A ONU instalou campos de refugiados para abrigar os milhões de sudaneses deslocados pelas chacinas. Os Estados Unidos e a Inglaterra fizeram pressão para que a entidade supranacional adotasse sanções econômicas e militares contra o governo sudanês. Mas a China manifestou-se contra.
Tudo isso se explica. As relações entre americanos e sudaneses são ruins. Em 1998, o então presidente Clinton chegou a ordenar o bombardeio de uma fábrica em Cartum que produziria armas químicas. Provou-se, então, que seus únicos produtos eram medicamentos.
A China, por sua vez, vem investindo maciçamente na exploração do petróleo do Sudão. Hoje, ela detém 40% das ações da estatal sudanesa, além de participar com capitais vultosos na construção de refinarias e oleodutos. É, de longe, o maior parceiro do Sudão na área petrolífera.
Face aos riscos crescentes de problemas com os países árabes produtores de petróleo, os Estados Unidos têm se voltado para a África. As reservas do Sudão, estimadas em 2 bilhões de barris, as maiores do continente, são uma presa cobiçada.
O embargo das exportações do petróleo sudanês, que representa 70% da renda nacional, levaria o país ao caos, facilitando uma intervenção militar que poderia propiciar a entrega do petróleo aos capitais anglo-americanos. Segundo Uwe Riesecke, especialista em assuntos africanos, tendo em vista a desestabilização do governo sudanês, a crise de Darfur foi provocada por soldados do SPLA e do JEM, treinados no sul do Sudão e em Uganda, por aliados dos Estados Unidos.
Em abril de 2004, sob pressão internacional, o governo do Sudão e os rebeldes de Darfur celebraram um acordo de cessar fogo na cidade de Njamena. Diante das violações constantes, o Conselho de Segurança da ONU decidiu supervisionar o acordo e tomar medidas para garantir sua execução. E deu um prazo de 30 dias para o governo sudanês desarmar as milícias, sob ameaça de sanções econômicas e militares. Sobre este assunto, disse Juan Mendes, representante de Kofi Anam: “Não vejo um esforço sério do governo para desarmar”.
Sendo as sanções prometidas bloqueadas pela China, o Conselho de Segurança determinou que a Corte Internacional Criminal de Justiça investigasse os crimes e processasse os culpados. 11 países votaram a favor, 4 se abstiveram, entre os quais os Estados Unidos, a China e o Brasil.
Os americanos não apoiaram porque não admitem a existência de uma Corte Internacional Criminal que poderia vir a julgar seus militares por violências cometidas no exterior. Os chineses por razões óbvias. E o Brasil porque, naquela ocasião, queria agradar a China, para obter apoio à sua megalomaníaca prioridade de conseguir um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Hoje, dois anos e oito meses depois do início do conflito, a região de Darfur é uma catástrofe humanitária. Nos campos onde vivem milhões de refugiados em condições de higiene e moradia precárias, morrendo em grande número (cerca de 10 mil por mês) devido a doença, violência e subalimentação, as atrocidades continuam. Sucedem-se os assassinatos, raptos, estupros e torturas praticados pelos Janjaweeds, impedindo que os 11.000 trabalhadores humanitários possam atender os refugiados.
Depois do último ataque, em fins de setembro, Antonio Guterres, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, declarou que “enquanto esta insegurança continuar, a comunidade internacional não poderá fornecer a assistência que é desesperadamente necessária a centenas de milhares de pessoas”.
As perspectivas são sombrias, pois o responsável pela segurança, o governo, pouco faz para reprimir os Janjaweeds, muitos dos quais foram até integrados na polícia e no exército.
Mais do que nunca, torna-se necessária a pressão internacional para forçar o governo sudanês a acabar com os atentados. Mas não basta. Os milhões de deslocados pelo holocausto de Darfur carecem de alimentos, assistência médica e de um gigantesco plano de reassentamento. Parece muito, mas é pouco, pois nada mais poderá ser feito pelos que foram assassinados sem que a ONU, a União Européia e os Estados Unidos impedissem.
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bastante revoltante essa tragedia , e mais ainda a hipocresia dessa gente. ass: leila castro.
AS pessoas deviam ser mais coerentes , consigo mesmas e para de mentira e racismo . PORQUE isso é racismo , pois na minha opinião se fosse um bando de brancos eles fariam isso. ASS: Leila Castro.