Em entrevista à CNN, no domingo passado, Hamid Karsai, Presidente do Afeganistão, comentando o assassinato de 16 civis por um sargento dos EUA, chamou os soldados americanos de “demônios” e declarou, referindo-se ao massacre: ”Não foi o primeiro incidente, foi o 100º, ou o 200º, ou o 500º.”
De fato, os crimes praticados pelos militares americanos contra a população afegã tem sido em número exagerado.
Em fins de 2001, durante a invasão do Afeganistão, 8.000 milicianos talibãs renderam-se às tropas do general afegão Dostum, com a promessa de que, depois de entregarem as armas, poderiam voltar casa. Menos os membros da Al Qaeda que ficariam presos, sob as condições da ONU.
Mas, todos eles foram enviados em containers hermeticamente fechados para a prisão de Sherbegher. Centenas morreram na viagem e cerca de 2.000, segundo a ONG “Médicos Por Direitos Humanos”, foram torturados até a morte pelos soldados de Dostum. Os sobreviventes narraram os fatos, declarando que militares americanos acompanharam toda a operação, sem protestar.
Foi feito um documentário (pode ser visto no You Tube) sobre esse massacre, que correu o mundo. O exército americano declarou que nada tinha a ver com a coisa. Muito depois, em 2009, o Presidente Obama ordenou um inquérito que também deu em nada.
No ano passado, um grupo de 12 soldados foi acusado de matar civis afegãos por esporte. Julgados nos EUA, um deles, o soldado Michael Wagnon teve seu caso arquivado por motivos não declarados. 3 dos seus companheiros foram condenados a penas entre 60 e 90 dias. Os outros pegaram penas mais pesadas, porém com livramento condicional entre 3 e 7 anos.
Em janeiro deste ano, um vídeo divulgado pelo You Tube mostra cenas de 4 fuzileiros navais americanos urinando sobre corpos de talibãs mortos, o que para os muçulmanos é um grave sacrilégio e crime de guerra. O caso ainda está sendo investigado pelas autoridades do exército dos EUA.
Em fevereiro deste ano, soldados americanos queimaram dezenas de exemplares do Alcorão, tirados de talibãs prisioneiros. Gravíssimo crime para os muçulmanos. O exército dos EUA considerou um mero engano.
E, finalmente, neste mês, um soldado americano, de madrugada, invadiu casas de famílias paquistanesas, matando 16 dos seus membros e queimando alguns, empilhados por ele. Segundo comissão de investigação do parlamento afegão não foi só 1 soldado, foram entre 15 e 20, conforme testemunhos de vizinhos das pessoas assassinadas.
A respeito desta sucessão de crimes de guerra, o jornalista e correspondente de guerra, Chris Hedges, escreveu um artigo que dá o que pensar. Seu título: “Assassinato não é uma anomalia na guerra.”
Transcrevo aqui um trecho desse artigo: “A guerra no Afeganistão – onde o inimigo é evasivo e raramente se vê, onde a falta de conexão cultural e linguística faz de cada saída do quartel uma incursão em território inimigo, onde está claro que você está perdendo apesar da enorme máquina industrial de matar à sua disposição – alimenta a cultura da atrocidade. O medo e o estresse, a raiva e o ódio, transformam cada afegão num inimigo e isso inclui mulheres, crianças e velhos. Civis e combatentes se misturam numa massa detestada sem nome, nem rosto.”
Estas palavras explicam, mas não justificam os crimes cometidos pelo exército americano no Afeganistão.
Na verdade, os principais culpados são os líderes dos EUA que persistem numa guerra desnecessária pois seu objetivo – acabar com a Al Qaeda no Afeganistão – já foi alcançado. Só não saem logo por temerem a exploração que os republicanos fariam na campanha eleitoral, que fatalmente taxariam Obama de fraco.
Claro que, mesmo nas condições enlouquecedoras desta guerra, crimes de militares não podem ficar impunes.
Está errado o exército dos EUA ao não punir com a devida severidade todos aqueles que cometeram atos criminosos contra a população civil, especialmente porque os afegãos não são cidadãos de um país inimigo. As forças americanas, segundo a Casa Branca, não vieram ao Afeganistão para submetê-lo, mas para libertá-lo do terrorismo.
A leniência com que os EUA vem tratando os soldados autores de crimes alimenta o anti -americanismo do povo afegão. Que vem crescendo ano a ano em função também dos raids noturnos.
Nesses raids, soldados americanos descem de helicópteros no meio da noite em zonas tidas como suspeitas de abrigarem talibãs.
Eles invadem violentamente as casas, assustando as famílias. Revistam tudo e levam presos os homens. Transportados para locais desconhecidos, passam por uma triagem, que pode levar dias. Os inocentados, são liberados sem pedidos de desculpa… Quando encontram talibãs, os soldados enfrentam resistência. Trocam-se tiros e civis inocentes morrem ou são feridos.
As famílias afegãs deitam-se à noite apreensivas, não sabem se um raid irá explodir sobre eles.
As reclamações chovem sobre o Presidente Karsai e ele, como terá de enfrentar eleições proximamente, protesta. Em novembro do ano passado, foi veemente: “Se eles (os americanos) continuarem com seus ataques (os raids), então não serão vistos como uma força que luta contra o terrorismo, mas como uma força que luta contra o Afeganistão.”
Como se sabe, Obama projetou a retirada de suas tropas para 2014, quando, segundo seus cálculos, o exército afegão estará em condições de substitui-las.
Há já um ano que os diplomatas da Casa Branca e os líderes afegãos discutem os termos de um pacto para reger a situação no país pós-retirada. Os americanos querem deixar alguns batalhões de forças especiais. Justamente quem executa os raids noturnos. Também não querem que seus soldados fiquem sob jurisdição das leis americanas não do Afeganistão.
Karsai resiste a essas duas pretensões. E mais: para ele, os soldados americanos e dos outros países da OTAN devem retirar-se já das cidades, mantendo-se nos seus quartéis.
Obama e Leon Panetta, o Secretário da Defesa, tentam pôr panos quentes no clima pesado de agora, garantindo que o autor da chacina será punido com dureza, como se tivesse matado cidadãos americanos. E afirmando que não mudou nada, a retirada será em 2014 e as negociações sobre seus termos chegarão a bom termo.
O presidente americano espera que o povo esqueça os últimos incidentes, as pressões sobre Karsai acabem e ele caia na real: sem as tropas e o dinheiro americano, seu governo não se sustentaria.
Obama continua acreditando no seu projeto de conquistar os corações e mentes afegãos.
Está pintando como missão impossível.
O porco do Obama não se dá ao trabalho de ser gente. Tem ao seu serviço umas quadrilhas de assassinos e vendidos, para em qualquer momento oportuno fazer de uma pessoa o que ele entende. Não lhe vale a pena sustentar a imagem de prémio Nobel da Paz, pois toda a gente séria sabe que aquilo foi mais um ato de vassalagem da academia sueca. O Traidor “Karzai” terá a oportunidade de ser morto a breve prazo, pois quando for o momento de ser descartado, lá estará um qualquer agente assassino de qualquer uma das agências de segurança amaricanas para o mandar para céu, como ele merece. Assim, tipo “Savimbi; Sadam Hussein ou Kadafi”.