Os EUA, e seus aliados do Ocidente, indignados, proclamam que é ilegal o referendo da Criméia.
A população local não teria o direito de auto-determinar seu destino.
Isso violaria o princípio da soberania da Ucrânia sobre a integralidade do seu território.
No caso de Kosovo, a Casa Branca defendeu o contrário.
A população de origem majoritária albanesa desejava sua independência da Servia.
Milícias albanesas iniciaram uma revolução.
A OTAN as apoiou e exigiu que a Sérvia consentisse em abrir mão do território de Kosovo.
Como não houve OK, a aviação da OTAN, sob liderança dos EUA, realizou 78 bombardeios de cidades sérvias, matando cerca de 500 civis, até que o governo de Belgrado entregasse os pontos.
Proclamada a independência de Kosovo, os EUA foram dos primeiros a reconhecer o novo país.
Tinham ganhado mais um aliado, derrotando um aliado da Rússia, a Sérvia.
Na ocasião, o então senador Obama, que hoje combate o direito de auto-determinação da Criméia saudou a vitória da auto-determinação kosovar : ”Eu apoio a independência do Kosovo e seu desejo de avançar para uma soberania total.”
No Sudão do Sul, a história se repetiu.
Os EUA sempre apoiaram um movimento revolucionário de tribos da região em favor da independência.
Depois de anos de lutas, o governo central do Sudão arreglou e aceitou um referendo o povo do sul decidir o que desejava.
E, em 2010, o presidente Obama declarou na ONU: “O referendo e auto-determinação…precisam acontecer pacificamente e na hora certa…e o desejo do povo do sul do Sudão deve ser respeitado.”
Foi o que aconteceu, no ano seguinte.
Infelizmente, as coisas não deram certo na nova nação.
Com 2 anos e meio de existência, estourou uma guerra civil, com atrocidades maciças e 870 mil pessoas desalojadas.
Mas, nem tudo está perdido para os interesses do bom Tio Sam. O Sudão do Sul é rico em petróleo e as companhias americanas começam a entrar no país.
De tudo isso, a conclusão que se tira é que direitos como auto-determinação das populações locais e soberania territorial dos Estados são aplicáveis de acordo com os interesses americanos.
Os EUA, com sua impressionante máquina de propaganda, está aí para provar que o branco é preto.