Até há pouco tempo, as eleições francesas pareciam definidas.
A ultra- direitista Marine Le Pen venceria no primeiro turno.
Mas no segundo, Filon, de centro-direita, era o favorito.
Os socialistas estavam perto de uma derrota estrondosa.
Devido a seu governo fracassado, Hollande obteve apenas 4% na última pesquisa de intenção de voto e desistiu de sua candidatura.
Seu provável candidato, Manuel Valls, ex-primeiro ministro, em primeiro lugar nas pesquisas das primárias do Partido Socialista, foi seu auxiliar na elaboração de reformas nada socialistas em favor do mundo dos negócios. Integrante da ala direita do partido, é mal visto por muitos esquerdistas que consideram sua postura economia liberal próxima à de Tony Blair.
Os principais adversários de Valls são: Arnaud Montebourg, ex- ministro demitido por Hollande em 2014, depois de contestar as políticas do governo. Sua popularidade cresce por ser um verdadeiro esquerdista, anti-globalização e protecionista.
E Benoit Hamon, defensor da redução da semana de trabalho de 35 horas para 32.
Seja quem for escolhido, não sairá do campo ds esquerdas o candidato socialista que poderá assustar os favoritos.
Na última pesquisa, realizada em 12 de janeiro, o candidato independente Macron ficou em terceiro lugar, com 20% de intenções de voto, após Le Pen, com 25% e Fillon com 24%. Sendo que no segundo turno, Macron bateria a candidata de extrema-direita por larga margem e o do centro-direita, também, embora por pequena diferença. Só que Macron, visto ora como centrista, ora como centro-esquerdista, vem crescendo nas últimas semanas, muito mais do que os outros dois.
Em recente sondagem da Elabre, que questionava quais os políticos mais simpáticos ao eleitor, Macron ficou em primeiro, com 40%, tendo crescido 4% em relação à sondagem anterior. Bem à frente de Fillon, terceiro com 32% e crescimento de apenas 1%, igual ao de Le Pen, quinta, com 26%.
A grande surpresa foi o forte avanço de 8% obtido pelo radical-esquerdista Melenchton , que foi a 32% ,empatando em 3º- lugar com Fillon e empurrando Valls para o 12º lugar, com meros 23%.
De repente, as perspectivas para as eleições presidenciais, marcadas para 22 de janeiro (primeiro turno) e 29 de janeiro, (segundo turno) tornam-se incertas.
Marine Le Pen tem muitas chances de vencer no primeiro turno mas, no segundo turno, deverá perder para o outro candidato, Fillon ou Macron.
É arriscado apostar que Fillon será um dos candidatos que chegarão ao segundo turno, onde o centro-direitista certamente venceria Le Pen. Continuando sua ascensão, Macron pode muito bem vencer nos dois turnos e mudar-se para os Campos Elíseos, enquanto Hollande volta para casa, lamentando o insucesso do seu governo.
Por sua vez, Melenchon, apontado como um extremo out-sider, não está totalmente fora do páreo. Já ocupa nas pesquisas de intenção de voto o quarto lugar, à frente do candidato socialista. E como é quem está crescendo mais rapidamente, não será uma grande surpresa se ele chegar em 23 de abril (primeiro turno) no segundo lugar, desalojando candidatos teoricamente mais fortes, com muito mais recursos.
Mas, seu radicalismo assusta, ganhar não acredito que vá, embora seja considerado a mais popular personalidade francesa em pesquisa do L´Express, que focava somente os homens de esquerda. Obteve 53% (mais 9% sobre a pesquisa anterior), deixando Montebourg em sexto lugar com 40%, Macron em sétimo com 39% e Valls, em nonoº, com 37%.
Tomando por base esses números, a França deve continuar na União Europeia. O novo presidente – provavelmente Fillon ou Macron – não quer nada com o Brexit.