O 1º round começou logo depois da posse de Obama.
Ele estava entusiasmado com a vitória eleitoral, decidido a cumprir sua promessa de paz na Palestina com a solução dos 2 estados.
Começou exigindo que Netanyahu parasse de criar novos assentamentos na Margem Oeste para que fosse possível a negociação com os árabes.
Bibi resistiu firme durante meses. Por fim, admitiu os pedidos de Obama,mas por um certo prazo, no qual as duas partes poderiam reunir-se.
Mas, como suas concessões excluíam os projetos já aprovados e os novos assentamentos em Jerusalém Oriental, não houve acordo e as negociações de paz sequer começaram.
O tempo passou, Obama fez um ou outro apelo, Bibi insistiu que problema sério era o programa nuclear iraniano e os palestinos ficaram falando sozinhos.
Triunfante no 1º round, Bibi recebeu com furor a nova iniciativa de Obama, propondo negociações de paz, com base nos limites de 1967.
Foi um golpe que Netanyahu acusou. Mas reagiu, voando imediatamente para New York, passando um sabão em Obama, na própria Casa Branca, e articulando uma visita ao Congresso, onde ele foi recebido como herói por parlamentares dos 2 partidos.
Derrotado, Obama só faltou pedir desculpas no discurso que fez na própria casa do adversário, a AIPAC, no qual fez todo tipo de declarações de amor a Israel e garantias de que, nas negociações com os árabes, deveria ser respeitada a nova situação da região, parcialmente ocupada pelos assentamentos judaicos.
O 3º round começou há alguns meses. Obama e seus principais generais e secretários vem afirmando que um ataque ao Irã seria entre inconveniente e absurdo, que os EUA só apelariam para a briga se o governo de Teerã passasse uma certa linha vermelha não bem definida. Marcaria mais ou menos o momento em que o governo iraniano começasse efetivamente a produzir armas nucleares.
Como último golpe nas pretensões de Bibi destruir o Irã, os chefes das 16 agências de inteligência americana declararam que o governo de Teerã não estava empenhado em produzir bombas nucleares, nem demonstrara más intenções nesse sentido.
Demorou um pouco, mas Bibi entrou em ação. Altas autoridades israelenses clamaram que com todas estas demonstrações contrárias ao ataque às instalações nucleares dos iranianos, eles convenceram-se de que, pelo menos até o fim do ano, quando poderá se eleger um presidente republicano, estarão livres dos mísseis ocidentais e israelenses. Ficariam com tempo suficiente para produzir a temível bomba.
Netanyahu e Ehud Barak, por sua vez, deixaram seu desagrado bem claro, afirmando que toda essa relutância em mandar bala nas usinas nucleares do inimigo “serve aos interesses iranianos”. Tranquiliza os aiatolás, que podem assim ir desenvolvendo seu programa mortífero na calada da noite.
Uma alta autoridade do governo israelense justificou o mal-estar de Telaviv, dizendo que: ”Eles (os iranianos) acreditam que a administração (americana) teme um ataque devido ao perigo dos preços da gasolina subirem e que Israel não agirá sem a luz verde de Washington. O Irã está sob maior pressão do que antes por causa das sanções, mas não havendo uma frente unificada e determinada contra eles, eles não mudarão de ideia quanto ao assunto nuclear.”
Bibi está louco para que Obama parta com ele contra o território iraniano.
Já percebeu que o presidente não está nem um pouco interessado nisso.
O fatal aumento do preço da gasolina seria uma calamidade, não apenas para os países europeus que estão nas últimas. Claro, a possível debacle desses países, deixaria toda a Europa em maus lençóis, cortando importações dos demais países e assim exportando sua crise para todo o mundo.
A recuperação da economia americana, que mal começou, poderia até ser comprometida. E, tão ou mais sério para Obama, com a vertiginosa subida do preço da gasolina nos postos de serviço americanos, sua eleição também correria riscos.
Nada disso preocupa muito Netanyahu. Para ele, o mais importante é eliminar a ameaça que um Irã hostil (com bomba atômica ou sem ela) poderia representar para Israel.
Ele parte para o 3º round que acontecerá numa reunião com Obama, em 5 de março.
Na mesma ocasião, haverá a convenção de aniversário da AIPAC, reunindo centenas de deputados, senadores, jornalistas, empresários, etc – todos absolutamente devotados aos interesses de Israel. Assim fortalecido, Bibi vai ser uma parada dificílima de ser vencida.
Mas Bibi tem um ponto fraco: em recente pesquisa, só 19% dos israelenses ouvidos declararam-se favoráveis a um ataque ao Irã, mesmo sem a concordância americana.
Sabendo disso, Obama mandou seu porta voz, Jay Carney, apresentar oficialmente mais um argumento de peso contra aventuras militares. Elas criariam “maior instabilidade” na região o que poderia ameaçar a segurança de militares americanos no Afeganistão e também de civis, no Afeganistão e no Iraque.
Explicando melhor: o bombardeio do Irã poderia gerar uma onda de ódio entre os islamitas do Iraque e do Afeganistão que muito provavelmente se manifestaria através de atentados contra americanos que atuam nesses países.
Jay Carney concluiu suas ponderações relembrando que até agora os EUA não tem evidências da existência de um programa nuclear militar iraniano.
Apesar de tudo, Bibi parte para os EUA confiante em sua agressividade e no apoio dos políticos americanos.
Desta vez, acho que vai dar Obama.
Ele já percebeu que bombardear o Irã, bombardearia sua reeleição.
Provavelmente ele fará juras de eterno amor a Israel, talvez até aumente a ajuda financeira ao país, mas guerra ao Irã, não conte comigo…
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