Bibi Netanyahu declarou categoricamente que só aceitaria uma Palestina independente convenientemente desarmada.
Deixou claro que seria necessário para a segurança de Israel.
Falando em segurança, acho que os palestinos, lembrando os fatos precedentes, teriam muito mais a temer dos israelenses do que o contrário.
O Fatah colabora com Israel, garantindo a segurança na Cisjordânia que administra sob as ordens de Telaviv.
O Hamas, que governa a Faixa de Gaza (independente), abandonou o terrorismo há muitos anos.
Nenhum dos dois tem qualquer coisa a ver com algumas raras isoladas de movimentos radicais autônomos, que mataram civis israelenses.
Já Israel bombardeou e invadiu o Líbano e Gaza várias vezes.
Suas forças de segurança assassinaram muitos militantes de movimentos árabes em Gaza e na Cisjordânia.
Os palestinos tem razões de sobra para temer que, mesmo após a independência, o exército israelense continuaria a praticar atos desse tipo, se for do interesse de Israel.
Pela lógica, poderiam exigir o desarmamento de Israel.
Claro, isso seria impossível.
Pelo menos, os palestinos tem direito a um exército capaz, senão de impedir, ao menos dificultar a prepotência dos seus colegas de Israel.
E até no interesse de Telaviv: somente bem armado o exército palestino teria meios para por os jihadistas na linha e bloquear seus ataques e atentados contra os israelenses.
A exigência de uma Palestina desarmada faz parte da estratégia política de Israel.
Eles partem da ideia de que todos os povos islâmicos do Oriente Médio são inimigos mortais do estado de Israel e permanecem alerta, esperando alguma fraqueza para destruir o país.
Esse é um raciocínio que favorece os militares, lhes dá um papel proeminente na política de Israel. Não é a toa que dezenas ocupam ou já ocuparam altos cargos na direção do país, até mesmo o de primeiro- ministro.
Eles e os políticos seus aliados concordam que é preciso fazer de tudo para nãodeixar qualquer país islâmico se fortalecer militarmente.
Acredito que seja a principal razão que leva Netanyahu a essa psicose anti-Irã, exigindo novas e mais terríveis sanções, quando não o bombardeio das instalações nucleares do país dos aiatolás.
Ele sabe que o Irã jamais compraria briga com um país muito melhor armado do que ele, que tem 200 bombas atômicas, além do apoio dos EUA e de suas mega- máquinas de matar.
Ahamadinejad não é tonto. Muito menos o aiatolá Khamenei, o Líder Supremo da Revolução Islâmica, o responsável pela política externa do seu país.
A verdade é que o premier israelense não pode admitir um Irã forte militarmente (mesmo sem bomba A), que possa medir-se com Israel.
Ou retaliar, no caso dos israelenses decidirem bombardear algum alvo em Teerã, como fizeram na Síria, gerando represálias apenas verbais.
Apesar de até ter relações diplomáticas com o Egito, o governo de Israel pressionou a Alemanha para que suspendesse a venda de submarinos avançados aos egípcios.
Nem pensar numa Marinha egípcia no caminho de um estágio semelhante ao da israelense.
Contando com o servilismo do governo de Washington, Bibi conseguiu que os países do P5+1 exigissem a desativação da usina de Fordow, que enriquece urânio.
Fordow apresenta uma grande “ameaça” a Israel: por estar localizada bem fundo, no interior de uma montanha de pedra, seria praticamente inacessível aos bombardeiros de Telaviv.
Isso é muito grave. Caso Israel (e os EUA) resolvesse destruir Fordow poderia não conseguir.
Algo semelhante aconteceu no recente bombardeio que Israel realizou em Damasco.
Foram atingidos sistemas de baterias anti- aéreas já carregadas em caminhões, que seriam destinados ao Hisbolá, no Líbano.
Também representavam um grande “perigo”.
Poderia causar danos e atrapalhar futuros bombardeios que Israel viriam a proceder no Líbano. Como, aliás, já fizeram várias vezes.
E Obama, lamentavelmente, deu seu apoio: advertiu a Síria que era uma grave infração fornecer ao Hisbolá equipamentos de defesa anti- aérea para proteger o Líbano.