Tanto o governo sírio quanto os rebeldes acusaram-se reciprocamente do lançamento de armas químicas na cidade de Khan AL-Assaf.
E Assad pediu, com insistência, que a ONU investigasse a ação.
Para os especialistas, os rebeldes seriam os prováveis culpados porque o governo não possui o tipo de bomba empregado.
Com tantas armas químicas sofisticadas, não iria usar aquele artefato primitivo, visivelmente uma adaptação.
Além disso, as vítimas foram principalmente soldados fiéis ao governo.
É difícil acreditar que Assad fosse tão maquiavélico ao ponto de mandar matar gente sua só para provar que os rebeldes estavam usando as armas proibidas.
Depois de uma certa demora, Ban-Ki-Mon acabou atendendo ao pedido formal do governo sírio e nomeado uma comissão de experts para investigar a questão.
No entanto, determinou também que o trabalho da comissão não se limitasse ao ocorrido em Khan- AL-Assad, mas se estendesse a todo o território sírio.
Surpreendentemente, Assad não topou.
Justificou-se: a decisão de Ban Ki-Mon, além de violar a soberania da Síria, indicaria intenções ocultas de prejudicar o regime. Lembrou que fora com “manobras” desse tipo que o secretário da ONU abrira caminho para a invasão do Iraque pelos EUA.
De qualquer modo, repetiu, continuava de pé o pedido de investigação pela ONU, porém, apenas na região da cidade atacada, como era seu objetivo original.
Essa atitude comporta duas leituras.
Primeira: quem não deve não teme. Assad não quer dar sinal verde para investigadores da ONU vasculharem seu país porque tem algo a esconder.
Talvez mesmo o uso de armas químicas em outro front de batalha.
Segunda: Assad realmente não confia em Ban-Ki-Mon. Teme que membros da comissão façam falsas acusações, baseadas em indícios superficiais de uso das armas químicas em regiões diferentes.
Se for esse o caso, acho que Assad deveria correr o risco.
Persistindo na negativa, a opinião pública internacional tenderá a concluir por sua culpa.