A Arábia Saudita, o Bahrein e a União dos Emirados Árabes acabam de retirar seus embaixadores no Qatar.
O motivo foi engraçado: os qatarianos se recusaram a assinar um tratado entre as nações do Golfo Pérsico sobre segurança e estabilidade, que proibia a intervenção de um deles nos negócios internos de qualquer dos outros.
A graça está em que no ano passado, a Arábia Saudita, a pedido do Bahrein, enviou 1.300 soldados para dissolver manifestações oposicionistas.
Como não se deve esperar coerência na política internacional, vamos deixar isso de lado e procurar as verdadeiras causas do litígio armado.
Há muitos anos a aliança entre os países do Golfo, integrada também pelo Oman e o Kuwait, vinha se mantendo sólida.
Sob a liderança regional da Arábia Saudita, que, por sua vez , segue os EUA, todos os países do Golfo tem atuado unificados nas principais frentes do Oriente Médio.
Mas, as coisas mudam.
No Egito, enquanto a Arábia Saudita e os Emirados apóiam o regime militar que derrubou o presidente Morsi, o Qatar toma posições exatamente opostas.
O Qatar vai mais longe ao manter fraternal amizade com a Irmandade Muçulmana, tratada a ferro e fogo pela Arábia Saudita, os Emirados e o Kuwait.
Por fim, leva os príncipes sauditas a ataques de fúria quando aceita os acenos de paz do Irã, do presidente Rouhani. E as figuras principais dos dois países, trocam juras de amor, fazem negócios, celebram acordos.
Chamar de volta embaixadores parece os primeiros sinais de tempestade grossa se aproximando do Golfo.
O que não deixa de preocupar os formuladores da política externa dos EUA.
Ainda mais porque o Oman pode ser a próxima ovelha insubordinada a sair do rebanho – está cada vez mais próximo do Irã.
O Qatar e o Oman não passam de peões no xadrez do Oriente Médio.
Embora não seja comum, peões também podem dar xeque-mate.