Afeganistão: o controle dos raids será pra valer?

Não foi fácil, mas, por fim, Hamid Karsai, Presidente do Afeganistão, conseguiu dobrar a resistência dos EUA.

O acordo sobre a presença militar americana depois da retirada das tropas em 2014 deverá enquadrar os raids noturnos.

As pessoas não dormiam em paz, temendo serem acordados no meio da noite por soldados americanos, arrombando as portas, revistando tudo; às vezes, até atirando e matando; e ainda levando os homens da casa presos para locais desconhecidos onde poderiam ficar semanas até eventualmente serem libertados.  Autoridades do Joint Special Operations Commmand admitem que 50% dos presos eram inocentes.

O povo exigia o fim dos raids noturnos, mas o exército americano exigia que continuassem. Afinal, os raids eram um sucesso militar: só em 2010, 2.599 milicianos talibãs foram mortos, sem falar nos presos.

Por fim, EUA e Afeganistão chegaram a um acordo.

Os raids noturnos seriam realizados por soldados afegãos, com apoio dos americanos, autorizados pelo governo afegão e supervisionados por juízes afegãos, que dirão quem deve e quem não deve permanecer preso.

Posteriormente, foi esclarecido que, em circunstâncias especiais, os soldados americanos continuariam responsáveis pelos raids, sempre, porém mediante expressa autorização do governo afegão e supervisão de juízes locais.

Havia dúvidas. O problema do povo afegão era ser arrancado da cama no meio da noite e maltratado por soldados. Não importava muito a nacionalidade deles…

Especulava-se,porém, que o governo Karsai, para agradar o eleitorado, certamente vetaria a maioria dos raids.

Na verdade, o povo afegão não tem tantos motivos assim para se sentir aliviado.

Oficiais americanos deixaram claro que o acordo não é para ser levado muito a sério, não.

Nesta segunda feira, o Capitão John Kirby, portavoz do Pentágono, esclareceu : “Em termos práticos, não mudou muita coisa”. Ele insistiu que o Presidente Karsai nunca vetará raids americanos, uma vez que seriam sempre necessários.

Lisa Curtiss, especialista em Sul da Ásia da Heritage Foundation, foi muito clara: “… ele (o acordo) deixa aberta a possibilidade de um raid contra terrorismo conduzido por um grupo paramilitar da CIA ou outra unidade. Não quer dizer que essas operações aconteçam regularmente… mas é lógico que se os EUA tem um objetivo de alta importância em vista, ele procurará atingi-lo como é necessário.”

 

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