Quando as coisas pareciam resolvidas, com o Irã e o Ocidente se entendendo em um acordo nuclear preliminar, a casa ameaça desabar.
A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou por 400 x 25 votos uma lei exigindo que qualquer acordo com o Irã fosse submetido ao plenário.
Repetiu assim decisão tomada pelo Senado na semana anterior.
As duas casas teriam um prazo total de 30 dias para chegarem a uma conclusão.
Enquanto isso, Obama não poderia retirar qualquer das sanções impostas ao Irã.
Depois da assinatura do acordo preliminar, em fins de abril, o vasto grupo de congressistas pró-Israel montaram uma operação para barrar sua execução.
Além de aprovar o projeto de supervisão pelo Congresso, tentaram adicionar algumas emendas que tornariam o acordo nuclear inaceitável pelos iranianos.
Jogo bruto como, por exemplo, a exigência de que Teerã reconhecesse Israel como país sionista, o que transformaria seus habitantes árabes em cidadãos de segunda classe.
Obama lutou como pôde contra os republicanos e grande parte dos democratas defensores intransigentes de Israel.
Conseguiu derrotar todas as emendas destruidoras do grupo.
Chegou a afirmar várias vezes que vetaria a própria lei se aprovada.
Foi obrigado a desistir: os republicanos dispunham do apoio de um número de senadores democratas suficiente para derrubar seu veto.
Netanyahu mostrou ter mais força do que ele na sua própria bancada democrata.
Nem tudo está perdido.
Obama não poderá vetar a lei de supervisão. Mas, caso a maioria do Congresso desaprove o acordo nuclear ou imponha mudanças substanciais, certamente irá vetar.
Será muito difícil convencer os congressistas democratas a dar os votos necessários à manutenção do veto.
Mas não uma luta impossível.
Obama deve empenhar-se a fundo.
Os congressistas terão de escolher entre um compromisso assumido pelo presidente dos EUA perante o mundo e os interesses políticos de seus financiadores judaico-americanos e do governo Netanyahu.
Certamente deve pesar a posição favorável dos grandes países, reunidos no grupo dos P+1 (Alemanha, França, Reino Unido, China, Rússia e EUA).
O prestígio internacional dos EUA ficaria abalado, especialmente junto aos seus aliados da Europa.
Até a mente paroquial de muitos congressistas americanos pode ser sensível a essas coisas.