No mês passado, os salafitas, seita muçulmana ultra conservadora, sacudiram Tunis com uma ruidosa passeata de 10 mil militantes.
Eles exigiam que a sharia (regras do Alcorão) fosse incluída ipsis verbis na nova Constituição.
Houve quem se assustasse, afinal o turismo é fundamental para a economia tunisiana.
A austeridade da sharia, impondo véus às mulheres, proibindo trajes que expusessem seus encantos e bebidas alcoólicas, seria um sinal vermelho para o movimento turístico.
E o país estava sendo governado pela Ehnada, partido ligado à Irmandade Muçulmana, portanto, em teoria, suscetível de aceitar as exigências corânicas dos salafitas.
No ano anterior, o medo que essa nova realidade provocou em europeus e americanos fizera o número de turistas que visitaram a Tunísia cair dos habituais 7 milhões para 5 milhões.
Talvez tenham se esquecido de que a Irmandade Muçulmana não é mais aquela. Hoje, trata-se de um movimento moderado.
Realista, seu governo declarou que a nova Constituição deveria inspirar-se nos princípios da sharia, não seguir suas regras, adequadas somente à época em que Maomé revelou o Alcorão ao mundo. Ou seja: à Idade Média.
Portanto: bikinis, decotes, uisque, vinho, champagne, cerveja, vodka e similares continuam liberados na Tunísia. O governo respeita os hábitos dos turistas estrangeiros e espera que eles voltem em massa para curtir as praias tunisianas.