No day after da bomba de Hiroshima, os EUA e a União Soviética se confrontaram naquela que foi chamada de “Guerra Fria”. E o pesadelo do advento de uma possível guerra de verdade, empregando armas nucleares capazes de destruir a humanidade, espalhou-se por toda a parte.
Buscou-se então, ao menos reduzir as chances de conflitos nucleares, impedindo que mais países pudessem aumentar o número dos produtores das armas apocalípticas.
Com esse objetivo, 190 países firmaram o Tratado Anti-Proliferação de Armamentos Nucleares.
Esse tratado é lei, portanto, mandatório internacionalmente.
Tendo começado a ser efetivo em 1970, somente no início do século 21 houve suspeitas de que uma potência, o Irã, estaria preparando um programa nuclear com objetivos militares.
O governo de Teerã defendeu-se, alegando que o programa contestado tinha fins pacíficos: produção de energia e de medicamentos.
Mas, a maioria das nações não aceitou essas explicações e, sob a liderança dos EUA, foram lançadas pesadas sanções econômicas para forçar os iranianos a desistirem de seus eventuais sonhos atômicos.
Em 2015, o P+5 (EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Rússia e China) chegou a um acordo com os iranianos. Eles tomariam uma série de providências para desestabilizar seu programa, enquanto as nações do P5+1 retirariam as sanções, que travavam a economia de Teerã.
Mas, o governo dos EUA mudou e o novo presidente, Donald Trump, afirmou que as exigências do tratado eram frágeis demais, e os “malignos” iranianos certamente iludiriam as potências ocidentais, reativando suas atividades proibidas.
Aparentando extremo zelo na defesa da anti-proliferação nuclear, The Donald retirou -se do acordo, gravando o Irã com sanções ainda mais duras do que as anteriores. Não vacilou em prejudicar também seus aliados europeus, forçados a desistir de grandes investimentos no Irã para não perderem o gigantesco mercado americano.
Tudo em nome dos valores da civilização ocidental, da paz mundial e do respeito às leis internacionais.
Mas não dá para confiar nos propósitos alegados por Dolnald Trump.
Eis que ele aparece atuando para dar à Arábia Saudita a tecnologia nuclear que ele proibiu ao Irã.
Através de denunciantes e de documentos, soube-se que o governo de Washington estaria envolvido numa proposta de comercialização de usinas nucleares à Arábia Saudita, incluindo a transferência de tecnologias específicas extremamente sensíveis. O que daria condições para os sauditas virem a produzir suas próprias armas nucleares. Elas ficariam nas mãos do príncipe coroado Mohamed bin Salman (o MBS), mandante do assassinato do jornalista opositor Karshoggy, na Turquia, que provocou horror e revolta em todo o mundo.
Informações comprovadas falam de uma reunião entre o presidente, o representante da IP3(empresa com maior participação no projeto) e um grupos de empresas produtoras de material nuclear. Na ocasião, foram discutidos detalhes da venda dase usinas aos sauditas. A pressa com que está sendo tocada esta operação parece um tanto suspeita.
O Partido Democrata não ficou vendo a banda passar.
Através de sua maioria na Casa dos Representantes, aprovou a formação de uma comissão de investigação para apurar as denúncias.
Um eventual acesso da Arábia Saudita à tecnologia nuclear militar, não só violaria o Tratado Anti-Proliferação Nuclear, como iria desencadear uma corrida nos países do Oriente Médio, empenhados em conseguir o mesmo avanço. Sinal verde, portanto para a desestabilização da região, com repercussões potencialmente devastadoras para todo o planeta.
Relatório da comissão de investigação comunicou que, entre seus objetivos, estaria determinar se mais esse empreendimento, sob as azas de Donald Trump, seria do interesse nacional dos EUA ou se visava apenas ganhos financeiros para os envolvidos.
Veja uma possível resposta a seguir.
A Brookfield Assert Management, empresa-mãe de uma das firmas participantes nas vendas propostas, prestou recentemente ajuda salvadora à família de Jared Kushner, o primeiro-genro e assessor especial de Trump. Fechou um contrato de arrendamento por 99 anos no assustadoramente endividado edifício da Fifth Avenue, 666, de propriedade dessas pessoas.
Kushner, homem de confiança do presidente dos EUA, deverá proximamente visitar a Arábia Saudita, onde manterá conversações com seu fraternal amigo, o príncipe coroado bin Salman.