Para protegr o tradicional aliado Líbano contra eventuais agressões da Arábia Saudita, o presidente Macron viajou inesperadamenre para Riad.
Aproveitou para afagar o ego do príncipe herdeiro, Mohamad bin Salman, ministro da Defesa e condutor da política externa do reino.
Um comunicado do Quai D´Orsay ressaltou a importância conferida pelos dois líderes à peservaçaõ da estabilidade da região, a luta contra o terrorismo e sobretudo à paz.
Bizarro, até agora os sauditas deram mostram escasso respeito a qualquer desses nobres objetivos.
O governo de Riad liderou o bloqueio do Qatar, armou milícias da filial síria da Al Qaeda e promove uma guerra que já devastou o Iêmen (“…a pior crise humanitária do mundo”, para a ONU) ?
Cada vez mais profuso nos agrados a bin Salman, o premier francês condenou o disparo pelos houthis de míssil balístico contra Riad. É verdade que o citado míssil não matou um único saudita. O que não se pode dizer dos inúmeros bombardeios da aviação saudita, alvejando, inclusive, objetivos civis iemenitas.
Mas, vamos deixar pra lá.
Afinal o reino saudita é um gigantesco mercado para a indústria de armamentos franceses e Macron tem de prodigalizar zumbaias ao príncipe herdeiro para ajudar a economia do seu país. É compreensível.
Agora, o que passou da conta foi Macron exigir que o Irã interrompa seu programa de mísseis balísticos.
Disse o presidente francês: “Esse acordo deve ser preservado, mas complementado com dois pilares, uma negociação sobre a atividade balística do Irã, com sanções se necessário, e uma discussão estratégica, enquadrando a hegemonia iraniana na região (L´Express, 10-11-2017).”
Acredito que esta postura pode sabotar gravemente o acordo nuclear com o governo de Teerã.
Trump bateu palmas.
Agora ele não estará mais sozinho quando os países do P5 +1 (EUA, Alemanha,França, Reino Unido, China e Rússia) se reunirem para discutir as alterações que os EUA querem fazer no acordo nuclear com o Irã.
Sabe-se que Teerã não deve aceitar o fim de sua “atividade balística”.
Afinal, é seu direito, como estado soberano, que não atacou, nem ameaça qualquer outro Estado.
Não se pode negar a legalidade do seu apoio militar ao governo da Sírio, escolhido pela população em pleito que não sofreu critica das entidades intrnacionais. Ou do fornecimento de armamentos ao exército e à milícias xiítas do Iraque, que lutam contra os bárbaros do ISIS, inimigos da humanidade.
E o Irã nunca ameaçou atacar Israel, como Netanyahu garante. Várias vezes, os líderes do governo de Teerã afirmaram que o regime sionista (não o Estado de Israel) cairia por pressões do povo, não pela força das armas iranianas. Os aiatolás nem sonham em fazer guerra a Israel. Eles não são loucos, sabem que teriam de encarar, não apenas o exército israelense- o mais forte do Oriente Médio, também o formidável poder bélico dos EUA.
Na verdade, a finalidade do programa de mísseis é de defesa contra a beligerância deTelaviv e Riad, cujos chefes, já falaram várias vezes em atacar o país presididido pelo moderado Rouhani.
Sim, o Irã tem ambições hegemônicas sobre o Oriente Médiio. Mas, quando usa meios militares, na busca desse objetivo, costuma respeitar as regras do Direito Internacional, como acabei de demonstrar um pouco atrás.
O mesmo não se pode dizer de Israel que, por exemplo, tomou à força as colinas de Golã, parte do território sírio. E anexou esse território, desafiando condenação expressa da ONU. Óbvia, já que, o “direito de conquista” não é reconhecido internacionalmenrte há cerca de dois séculos
Certamente a Arábia Saudita não está contribuindo para a paz e estabiolidfade do Oriene Médio, bloqueando arbitrariamenrte o pequeno Qatar e bombardeando implacavelmente as áreas houthis do Iêmen.
Nada disso parece valer um euro para o pragmático Macron.
O problema maior é que, como os iranianos já se negarem a atender a ele e a Trump, dando fim a seu programa de mísseis, como reagirão as demais potências do P5+1?
Acredito que China e Rússia somarão com Teerã.
Mas, se Alemanha e Reino Unido apoiarem a limitação proposta, teremos um impasse.
Trump ganhará força para proclamar que, mantida a produção de mísseis iranianos, a segurança intenacional garantida pelas condições impostas pelo P5+1 que o Irã aceitou, ficaria precarizada.
Empurrando o acordo nuclear para uma corda bamba.
Ele pode até cair.
Acho difícil que Ângela Merkel e Teresa May (principalmente) tenham coragem de discordarem de Trump, ainda mais reforçado por Macron.
Mesmo que Merkel não arrede pé de sua posição, e Teresa May a siga, apesar da tradição inglesa de apoio aos EUA, teria sentido um acordo reunindo um encolhido P3+1?
Um tsumani pode estar se formando, a paz está a perigo.