Netanyahu x BDS: quem está ganhando?

Em reunião ministerial, o premier Netanyahu anunciou eufórico a derrota do movimento de boicote a Israel (BDS), graças aos maciços esforços de sua diplomacia e políticos amigos na Europa e nos EUA.

Não havia motivo para tanta alegria.

A verdade é que o BDS continua crescendo em 2016

Neste ano, autoridades dos governos da Irlanda, Suécia e Holanda afirmaram seu apoio ao boicote, como meio para conseguir o fim dos assentamentos e a independência da Palestina.

Em março, a G4S, gigantesca empresa inglesa de segurança, anunciou que venderá sua subsidiária em Israel, atendendo a campanha do BDS. Ativistas estão mantendo pressão para garantir que a empresa realmente termine seu papel no sistema de prisões israelense e nos aparatos da ocupação

Em agosto do ano passado, o sindicato dos trabalhadores em eletricidade, rádio e máquinas, com 30 mil membros, havia apoiado o BDS na sua convenção anual.

E, neste ano, o Comitê Nacional de Relações do Trabalho (órgão oficial) ordenou a retirada de processos contra a União dos Trabalhadores em Eletricidade pelo seu apoio ao BDS.

Em agosto, a Igreja Luterana da América, na sua assembleia em Nova Orleans, aprovou uma resolução apelando para que o governo dos EUA acabe com toda ajuda a Israel caso Israel não pare de construir assentamentos e aceite um Estado da Palestina independente.

Pediu também que as igrejas e fiéis cortem todos os investimentos em companhias que lucrem com a ocupação israelense.

Por fim, solicitou que o presidente Barack Obama reconheça o Estado da Palestina.

Algum tempo depois, a União das Igrejas Metodistas dos EUA anunciou o desinvestimento em bancos de Israel que financiam a ocupação.

O Canadá, tradicional seguidor dos EUA nos votos pró-Israel, onde toda crítica ao Estado israelense é condenada como “anti-semitismo”, um pequeno partido ousou colocar-se contra a corrente.

Seguindo a onda, o parlamento do Canadá, , aprovou uma moção de cumprimento não-obrigatório condenando o BDS, com apoio do  Partido Liberal do premier Trudeau. Pedia também ao governo que penalizasse pessoas e grupos que promovessem o BDS no país.

Como resposta, o Partido Verde, em sua convenção nacional, declarou-se em sentido contrário: aprovou uma resolução dando total apoio ao BDS.

“Nós estamos, eu penso, levantando sérias questões nas mentes do público e estamos também quebrando tabus, ” disse Dimitri Lascaris, autor da resolução.

Netanyhau não está de todo errado. Ele tem conseguido influenciar partidos, grupos e políticos do Ocidente.

Políticos dos EUA estão preparando propostas para restringir e mesmo criminalizar o BDS.

Pode ser até que sejam votadas.

Se isso acontecer, espera-se que os juízes americanos não neguem o direito de expressão de ideias, constante da Constituição dos EUA.

Autoridades da Irlanda, Suécia e Holanda tem reafirmado esse direito, como aliás George Washington, Thomas Jeferson, Benjamin Franklin e Tom Paine- os Fundadores da Pátria- fizeram séculos atrás.

 

 

 

 

 

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