A Conferência de Paris para a paz na Palestina estava sendo esperada com grande otimismo.
A proposta francesa de chamar a comunidade internacional para assumir a busca de soluções para o problema era o único caminho.
As negociações bilaterais – Palestina/Israel- tinham fracassado várias vezes dado o visível desinteresse do governo Netanyahu em aceitar um acordo justo.
E como diz o velho ditado inglês: ”It takes two to tango”.
Embora o objetivo da reunião não fosse muito claro, falava-se que seriam aprovados os pontos básicos a serem detalhados por Israel e palestinos numa segunda etapa.
Havia mesmo alguns observadores que contavam com um apelo ao Conselho de Segurança da ONU para forçar as partes diretamente envolvidas a cumprirem o decidido. Até mesmo com sanções.
Pelo menos, imaginava-se que os presentes elencariam os principais motivos responsáveis pelo impasse.
Nada disso aconteceu.
Os ministros do Exterior de 28 nações europeias, mais o secretário de Estado dos EUA e Ban-Ki-Mon, secretário-geral da ONU, limitaram-se a apresentar um comunicado, no qual repetiram a já costumeira exaltação da “solução dos 2 Estados” como a única saída. E afirmar que estaria sendo obstaculizada pelas agressões a faca de judeus por palestinos e a contínua expansão dos assentamentos.
Nem se mencionou a ocupação militar da Cisjordânia e a política de demolição de casas palestinas.
O comunicado preocupou-se em colocar a culpa do impasse de forma igual nos dois países em conflito.
Para lançar uma reprise de declarações anteriores dos EUA e de vários países do Velho Mundo, não valeria a pena tantos ministros (e assessores) de tantas capitais viajarem a Paris.
Para eles, certamente, valeu muito à pena passar dois dias talvez trepidantes na capital francesa, curtindo as maravilhas da cidade-luz.
Os mais interessados, oa palestinos, saíram decepcionados.
Seu primeiro-ministro, Riad al-Malik, lamentou-se; “esperava um comunicado melhor”.
É verdade que o sempre dócil Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, achou tudo ótimo.
Quer dizer pouco pois se trata de uma liderança em fim de carreira, cujas falas por vezes ameaçadoras são logo por ele próprio esquecidas, o que lhe vale a perda progressiva de credibilidade nas chancelarias do mundo.
.Já o governo de Israel, que era contra porque acha que só negociações bilaterais resolvem, criticou a reunião pesadamente.
Nas palavras do porta-voz do ministro do Exterior, “a reunião de Paris ficará na história como tendo apenas endurecido as posições palestinas e empurrado a paz para mais longe”.
Difícil saber onde ele encontrou razões para conclusão tão retumbante, uma vez que os diplomatas europeus e John Kerry tiveram o cuidado de dividir as responsabilidades igualmente por ações tanto de Israel, quanto dos palestinos.
Acho que o que os desgostou mesmo foi o anúncio de que o fim do ano uma nova conferência sobre o mesmo assunto. Com propósitos mais perigosos para eles.
Com a presença de chefes dos mesmos Estados presentes em Paris, mais Kerry e Ban-Ki-Mon, deverá definir os pontos básicos de um acordo de paz. Os quais seriam detalhados em reuniões bilaterais Israel/Palestina, que não poderiam fugir dessas diretivas.
Surgem novas esperanças de que, desta vez, saia uma solução realmente justa e corajosa para o problema da Palestina.
A comunidade Internacional não pode se limitar a simples condenações das violações israelenses.
É hora de entrar em ação.