As colinas de Golan, nas fronteiras com Israel, sempre integraram o Estado sírio.
Até 1967.
Na guerra que aconteceu nesse ano, foram invadidas pelo exército israelense que as ocupou.
Em1991, Golan foi anexada formalmente. O governo de Telaviv declarou que passava a ser parte do Estado de Israel.
A comunidade internacional protestou, a ONU vetou a anexação, era absolutamente ilegal.
Só no o século 19 tais atos eram aceitáveis, como o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, comentou, quando a Rússia anexou a Criméia.
O que Israel fizera com Golan foi algo muito mais grave e sem justitifativa.
Enquanto que no caso da Criméia a população era quase toda russa e aplaudiu a ação de Moscou, Golan só era habitada por sírios, que viram a invasão israelense de forma totalmente indesejável.
Como a Síria não tinha os EUA e a Europa a seu lado, Israel não sofreu sanções, apenas condenações, inclusive da ONU, às quais não deu a menor bola.
Tratou de fazer uma limpeza étnica, expulsando os 131 mil moradores sírios – drusos, islâmicos e cristãos- de acordo com o Human´s Rights Watch.
Deixou apenas 20 mil em 6 pequenas aldeias, a maioria drusas.
No lugar dos expulsos, foram implantados assentamentos onde atualmente vivem 31 mil judeus.
O governo sírio protestou e protestou e protestou, mas ficou nisso porque a forças armadas de Israel são muito mais poderosos do que as deles.
Mais tarde, houve negociações entre Israel e Síria. Buscava-se um tratado de paz entrre as duas nações e a devolução de Golan estava em pauta.
Mas o Likud, partido de Netanyahu ganhou a eleições e ele se tornou primeiro-ministro.
Não perdeu tempo em fazer as negociações com a Síria abortarem.
E Golan continuou anexado.
Netanyahu tinha planos para a região conquistada.
Ele investiu milhões de dólares nos assentamentos.
Como se previa, em Golan havia muito petróleo.
Para explorar a perfuração, o governo concedeu licença à empresa israelense Afek OIl and Gaz, subsidiária de uma firma americana, a Genie Energy Limited, por sinal assessorada por Dick Cheney, ex vice de George Bush, fraternal amigo de Israel e do seu primeiro-ministro.
Na semana passada, num ato de desafio à comunidade internacional, Netanyahu reuniu seu ministério no assentamento de Golan para declarar urbi et orbi que Golan seria de Israel para sempre.
Choveram os esperados protestos.
O ministro do Exterior da Alemanha avisou Netanyahu de que a anexação é uma violação da lei internacional e da Carta da ONU, os países não podem unilateralmente ocupar territórios de outros.
O Departamento de Estado dos EUA rejeitou a declaração de que Golan sempre seria parte de Israel, por se tratar algo manifestamente ilegal.
Outros países se pronunciaram do mesmo jeito.
Nada fora do script que se sucede às ações ilegais israelenses…. A comunidade internacional em peso condena, Netanyahu boceja e continua delinqüindo sem que nada seja feito para reprimi-lo.
E todos vão para a praia, como dizia Melina Mercouri em “Sempre aos Domingos.”
Bizarra, mas não surpreendente, foi a declaração do pré-candidato republicano à presidência, Ted Cruz, de que Israel deveria manter Golan, do contrário seria: “temerário e perigoso”.