Efrain Rios Montt governou a Guatemala como ditador nos anos de 1982 e 1983, durante uma guerra civil de 36 anos, que causou 200 mil mortes. No seu período foram cometidas as piores atrocidades desse conflito, um dos mais sangrentos da História do Continente.
Afastado do poder supremo em 1984, ele continuou influente, participando ativamente da política e das ações militares. À medida que as hostilidades decresciam, seu poder também diminuiu.
Em 1996, a guerra civil, por fim terminou, estabelecendo-se um regime de legalidade. Foi firmado então um tratado de paz, que previa investigação das violências cometidas pelo governo de Rios Montt.
Coube essa tarefa a duas “Comissões da Verdade” – a REMHI, patrocinada pela Igreja Católica, e a CEH, da ONU.
Ambas relataram massacres generalizados, torturas, estupros e genocídio contra a população de indígenas Mayas. Milhares deles foram deliberadamente massacrados por suspeitas de simpatias pela guerrilha de esquerda.
Diante destas acusações, os defensores de Rios Montt alegaram que ele teve de usar mão de ferro para impedir a anarquia e a vitória dos guerrilheiros, lembrando que por essa razão tivera o apoio dos EUA, no tempo de Ronald Reagan. Posteriormente, O Presidente Clinton pediu desculpas pela atuação do seu país.
Durante os anos que se seguiram, Rios Montt continuou na vida política. Submetido a diversos processos, em 2007, elegeu-se senador para obter imunidade legal.
Finalmente, na semana passada, um juiz encontrou suficientes evidências para responsabilizá-lo pelo assassinato de mais de 1.720 indígenas numa repressão a insurgentes, promovida por seu governo.
Os promotores acusam Rios Montt, como comandante em chefe da junta militar que governava o país, de ter fechado os olhos enquanto seus soldados estupravam, torturavam e incendiavam para livrar a Guatemala de insurgentes de esquerda.
Rios Montt foi também indiciado por planejar uma campanha de contra insurgência que matou milhares de membros desarmados da tribo Ixil, os quais, segundo ele, haviam ajudado os guerrilheiros. Nesse episódio, 29 mil indígenas foram forçados a fugir do país.
O ex ditador aguarda seu julgamento em prisão domiciliar.
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