Investigação do The Wall Street Journal revelou espionagem de Israel nas negociações do acordo nuclear com o Irã.
Em entrevistas com dezenas de oficiais de inteligência dos EUA descobriu-se a dura verdade: agentes israelenses driblaram a segurança e conseguiram obter informações sigilosas sobre o andamento das discussões. Em seguida entregaram a congressistas republicanos para municiar sua campanha contra o acordo nuclear.
Ora, resolver numa boa o problema com o Irã é um objetivo importante da política externa americana.
Como Obama já afirmou várias vezes, não havendo uma solução diplomática, a única opção seria o bombardeio das instalações nucleares iranianas, o que detonaria uma guerra geral no Oriente Médio.
O governo Obama não quer que isso aconteça de jeito nenhum.
Já para Netanyahu, como já declarou muitas vezes, guerra não é nada que o faça perder cabelos. O que lhe interessa mesmo é bloquear qualquer acesso dos seus inimigos de Teerã ao uso da energia nuclear, seja para fins militares ou pacíficos.
Exige, como única opção aceitável, a destruição de todas as centrífugas iranianas.
Não é a primeira vez que I srael espiona seu “amigo especial.”
Em 1987, Jonathan Pollard foi preso pelo FBI por vender informações militares sigilosas ao governo de Telaviv.
Condenado à prisão perpétua, Pollard é considerado um herói em Israel. Sua libertação vem sendo pedida sistematicamente pelos diversos governos israelenses que se sucederam desde o último decênio do século passado.
Mas todos os presidentes americanos, inclusive Obama, sempre recusaram.
Em 2004, Larry Franklin, analista senior do Pentágono, foi preso com a mão na massa, entregando informações secretas a Steven Rosen e Keith Weissman, funcionários da AIPAC, o maior lobby israelense nos EUA. Descobriu-se que dali esses segredos foram direto para a inteligência de Israel, o célebre Mossad.
Investigadores do FBI analisaram o conteúdo dos computadores da dupla da AIPAC. Quando , segundo Richard Sale da United Press, foram encontrados certos dados, que provocaram intimações judiciais feitas a Howard Kohr, Richard Fishman, Renee Rothstein e Raphael Danziger, todos dirigentes da AIPAC, ” todos eles suspeitos de terem agido como intermediários, passando a Israel informações dos EUA altamente delicadas provenientes de autoridades de alto nível do Pentágono, conforme declarou uma ex- autoridade judiciária.”
A espionagem israelense das discussões do acordo nuclear, em si, não irritou muito a Casa Branca.
Afinal, conforme explicações do próprio Obama no caso da NSA, as nações costumam espionar-se mutuamente para ficar por dentro do que as outras andam fazendo.
O grave foi o fato de Telaviv ter fornecido aos congressistas republicanos informações sobre as negociações do acordo nuclear para as usarem contra os objetivos da Casa Branca.
Como um agente de inteligência disse ao The Wall Street Journal: “Uma coisa é os EUA e Israel se espionarem entre si. Outra coisa é Israel roubar segredos dos EUA e entregá-los a legisladores americanos para sabotar a diplomacia americana. “
O que significa: intervenção estrangeira na política americana, ou seja, desrespeito à soberania do país.
Muito grave.
Os EUA já fizeram isso em diversas nações, especialmente latino-americanas, mas não costumam ser vítimas do mesmo veneno.
Como é natural, o governo Obama não está nada feliz.
Mais uma pedra no caminho das relações Washington-Telaviv.