As reuniões dos países do P5+1 (EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e, Alemanha) que discutem um acordo nuclear com o Irã, são, como é natural, sigilosas.
Lógico, vazamentos poderiam atrataplhar os trabalhos.
Desde o início, os EUA compartilharam com Israel os assuntos ali discutidos. Afinal, são mais do que aliados e Telaviv teria interesse especial em estar ao par de tudo.
Mas o governo Netanyahu passou a trair essa confiança.
Em 31de janeiro, o insuspeito Times of Israel publicou que um oficial israelense informara ao Canal 10, da Tv israelense, que os EUA concordavam com que o Irã continuasse tendo 7 mil centrífugas, o que corresponderia a “80% das exigências iranianas.”
Por sua vez, segundo o Canal 2, de Israel, os EUA teriam topado outro número de centrífugas: 6.500. E que autoridades americanas acreditavam ser Netanyahu a fonte desses vazamentos.
Daí porque os EUA teriam decidido limitar as informações prestadas a Israel sobre o andamento das negociações com o Irã.
Perguntado se era verdade, Josh Earnest, porta- voz da Casa Branca, assim respondeu: “Os EUA não poderiam concordar em negociar o acordo em público, vemos que está havendo uma constante prática de revelação seletiva (cherry-picking) de pedaços de informação e seu uso fora do contexto para distorcer as negociações dos EUA.”
A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, foi mais direta: “Penso que é seguro dizer que nada que se ouve do governo de Israel é um reflexo preciso dos detalhes das conversações.”
Netanyahu não se mancou.
Em vez de se defender das acusações de vazamentos, preferiu atacar a Casa Branca por lhe negar informações.
Em reunião com os presidentes dos lobbies judaicos nos EUA, ele declarou :” Se o Irã sabe que tipo de acordo está sendo oferecido, é natural que Israel conheça os detalhes da idéia proposta. Eu penso que se trata de um mau acordo, perigoso para o Estado de Israel e não somente por isso.”
Mas, se existe quem ache que é um bom acordo, porque deve ser oculto?” (POLITICO NEWS, 20/2)
De acordo com a AP, Psaki rebateu em cima: ”Parece que ele sabe mais do que os negociadores, já que até agora não existe acordo.”
O fato é que esse conflito que se esboça entre EUA e Israel está pegando fogo.
Desta vez, Obama não está arreglando.
Ele não aceita o que Netanyahu vemá fazendo para sabotar o acordo nuclear.
Abusar da boa fé dos EUA, revelando fatos sigilosos da diplomacia americana, usados fora do contexto, é dose.
E o mais grave ainda está por vir: quando em março o primeiro-ministro de Israel tentará destruir em pleno Congresso americano anos de trabalho da diplomacia de Washington.
Aí, passa dos limites.
Por maior que seja a pressão dos poderosos lobbies judaico-americanos, o presidente da maior potência do orbe poderá