“Em seus livros “A Era dos Impérios” e “A Era dos Extremos”, o historiador Eric Hobsbawm costumava falar em “o longo século XIX” e “o breve século XX”. O marco divisório entre os dois era a Primeira Guerra Mundial. De fato, a “Grande Guerra” – como até hoje é chamada em diversos países – foi o evento que encerrou um mundo: o mundo europeu do Congresso de Viena, aristocrático, galante, supostamente estável, aparentemente inabalável, cheio de confiança e poder, capaz de ditar ao mundo seus valores e sua cultura.
E, no entanto, veio a Guerra. A Grande Guerra. Uma guerra mecanizada, industrial, científica, irracional. Uma guerra em escala até então desconhecida. Sobretudo, uma guerra incompreensível – em sua dinâmica e em seus resultados – para todos os envolvidos: para os poucos que a conduziam dos gabinetes, para os milhões que ardiam e morriam nas trincheiras, para incontáveis pessoas que viam sua realidade desmoronar. Guerra que produziu milhões de mortos, e um número assombroso de mutilados. Guerra que causou psicopatias sem precedentes entre os combatentes, em número até hoje insuperável. Guerra que abalou um sistema de produção, um sistema de divisão internacional do trabalho, um sistema de valores, uma concepção da própria história.
Quando a Alemanha finalmente capitulou, em 1918, o mundo era outro. Menos ingênuo, certamente. Menos europeu. Mas, infelizmente, não menos belicoso. Pois no solo europeu aberto por bombas já estavam bem semeadas as sementes que resultariam no outro conflito trágico: a Segunda Guerra Mundial. Ou, para falar novamente como Hobsbawm, que resultariam na “Era dos Extremos”.”
Sobre esse tema fascinante, alguns escritores que participaram dos combates, escreveram alguns romances memoráveis.
Seis deles estão sendo lançados pela Editora Mundaréu, neste final do ano que marca o centenário do início da Grande Guerra.
Quatro já nas livrarias. São eles:
“Um ano sobre o Altiplano”, de Emílio Lussu
“Memórias de um oficial de infantaria” de SiegfriedSasson
“Marcha de Radetzky” de Joseph Roth
“O Súdito” de Heinrich Mann