O realismo dos reis.

Para o Ocidente, o “provável” programa nuclear militar iraniano seria uma ameaça ao mundo.

De posse de uma bomba atômica, os aiatolás não hesitariam em atacar Israel. Quem sabe também a Arábia Saudita e até mesmo a Europa. E – porque não? – os próprios EUA.

Todas estas suposições acabam de ser desmentidas por quem teria mais autoridade no assunto: o Pentágono.

Segundo o insuspeito informativo Bloomberg, de 20 de agosto,  a mais alta autoridade militar americana acredita que: “A estratégia militar do Irã é defensiva, planejada para deter um ataque, sobreviver a um ataque inicial, retaliar contra o agressor e forçar uma solução diplomática.”

A esse respeito, Kenneth Katzman, analista do Oriente Médio do Serviço de Pesquisas do Congresso, lembra que as posições anteriores do Pentágono “foram consistentemente cheias de suspeitas, assumindo o pior quanto às intenções e potencialidades do Irã.”

Essa mudança pode ser atribuída à nova orientação do presidente Rouhani, que trouxe transparência às atividades nucleares do seu país.

Com isso, ele ganhou a confiança do IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica), cujos relatórios mostram que o Irã vem cumprindo suas obrigações para com os P5+1.

Voltando às conclusões do Pentágono, quem negaria a um país o direito de possuir armas para se defender?

Afinal, defender-se não é um direito exclusivo de Israel.

Para os EUA e aliados o Irã é exceção.

Eles exigem que o país reduza ao máximo o número de suas centrífugas. Assim, caso quisessem produzir uma bomba nuclear, levaria mais de um ano, dando tempo para que os americanos agissem para impedir.

Os iranianos aceitam interromper seu programa de instalação de novas centrífugas.

Mas, querem conservar as existentes para ter sua bomba pronta para retaliar em poucos meses, em caso de agressão externa.

Assim como Israel teme o Irã, o Irã teme Israel.

Mesmo que o Pentágono errasse por excesso de boa vontade em relação à república islâmica – o que me parece prá lá de impossível – a redução exigida é desnecessária.

Se Teerã decidisse tornar militar o seu programa nuclear até agora pacífico, isso seria imediatamente detectado pelos inspetores do IAEA, que estão constantemente fiscalizando as usinas de Fordow e Natanz.

Eles relatariam tudo às grandes potências que poderiam sem demora transformar os projetos iranianos em cinzas.

Este raciocínio me parece lógico, infelizmente, não é a lógica, mas sim a política, o interesse político, que orienta os EUA nas suas relações com o Irã.

Obama não pretende perder nem os votos, nem os financiamentos judeus nas próximas eleições legislativas americanas, em novembro.

Até lá, não se espere uma solução justa para a questão nuclear iraniana.

 

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