Democracia é problema para Beijing.

Hong-Kong foi u colônia da Inglaterra até 1997, quando passou a integrar a China em condições especiais.

A cidade manteve seu regime capitalista, com autonomia administrativa.

Os líderes da China comunista são sábios: não querem arriscar os avanços econômicos da região, que a tornam um dos principais pólos de desenvolvimento da Ásia.

Somente a Defesa e a Política Externa são de responsabilidade do governo chinês.

O povo de Hong-Kong tem liberdade de palavra, reunião e direito de protestar.

Mas não pode eleger livremente seu governo.

O governo de Beijing pode vetar qualquer candidato que achar conveniente.

O que não agrada à maioria da população, que nunca se conformou com a situação.

Neste ano, o descontentamento traduziu-se em ação.

Promovido por ativistas, realizou-se um referendo não-oficial no qual 10% da população  votou a favor do direito de indicar candidatos á liderança do território.

Beijing rejeitou totalmente a idéia.

O povo reagiu: no dia 1 de julho, centenas de milhares de pessoas reuniram-se numa marcha pró-democracia, seguida por um sit-in (protesto sentados) .

A polícia não perdeu tempo em prender os cinco principais organizadores, líderes da “Frente Civil de Direitos Humanos”.

Muitos outros ativistas foram presos e levados para um centro de detenção temporária, de onde foram mais tarde liberados.

Os manifestantes taxaram a ação policial de “repressão política”. Não deixa de ser verdade, embora incomparavelmente mais suave do que a executada por polícias de países como, por exemplo, o Egito, que prefere atirar nos manifestantes.

Seja como for, a coisa não deve ficar nisso.

Outro movimento pró-liberdade, o grupo Occuppy Central promete novas manifestações, até conseguir que nas eleições de 2017, os candidatos sejam escolhidos pelo povo de Hong-Kong, não pelo governo de Beijing.

Em Macau, começa a acontecer uma situação semelhante.

Era uma colônia portuguesa até 1999.

Tornando-se parte da China, também teve preservado seu regime econômico, inclusive os cassinos, famosos em toda a Ásia.

A exploração capitalista do jogo rendeu à China comunista  54 bilhões de dólares, em 2013.

Também em Macau, existe autonomia administrativa, liberdade de palavra e de reunião, porém não de escolher seus dirigentes.

A população, embalada pelos lucros crescentes de uma das regiões de maior crescimento no mundo, pouco ligava para assuntos políticos.

Mas os ventos liberais também acabaram soprando por lá.

Em maio, mais de 20 mil pessoas marcharam em protesto contra uma lei do governante local, garantindo aposentadorias em condições especiais para os dirigentes públicos, como ele próprio.

E três grupos de ativistas vão lançar um referendo, perguntando à população se é a favor do sufrágio universal até 2019 e se confia no governante da região de Macau.

Nesta cidade e em Hong-Kong, o governo de Beijing está diante de um espinhoso desafio.

Ceder poderá estimular movimentos de contestação a seu poder absoluto em toda a China.

Opor-se representa riscos de transformar as duas cidades em regiões conflagradas, com prejuízos econômicos significativos e à imagem do governo central.

 

 

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