“Acredito que a América é excepcional, em parte porque temos mostrado uma disposição ao sacrifício de nosso sangue e nossos recursos, não só pelos nossos próprios interesses , como também pelos interesses de todos.”
Com essas nobres palavras no seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente Obama ignorou uma série de eventos históricos.
Como a invasão e ocupação do Iraque, na qual as forças armadas dos EUA destruíram a infraestrutura do país e mataram cerca de 125 mil civis iraquianos.
A justificação foi a necessidade de garantir a segurança americana, ameaçada pelo programa militar nuclear iraquiano, que, aliás, se comprovou não existia.
Com tantos iraquianos mortos e estruturas destruídas, dificilmente poderia se caracterizar como uma intervenção militar com objetivos altruístas.
Na guerra do Afeganistão, a América foi ao ataque visando a Al Qaeda ali abrigada, donde projetaria atentados em solo ianque. E mandou bala!
Tendo sido a al-Qaeda afegã reduzida a meros 50 milicianos (conforme o próprio secretário de Defesa, Leon Panetta), o exército americano, mesmo assim, continuou em ação, aumentado em mais 30 mil soldados pelo presidente Obama.
Fica difícil dizer que o regime corrupto criado pelos EUA seria do interesse do povo afegão.
Na guerra da Coreia, o sangue, as bombas e os dólares jorraram generosamente.
Dá até para aceitar que beneficiaram os sul-coreanos, evitando que o comunismo ocupasse toda a península.
Mas acho que pesou mais a intenção de impedir a expansão dos adversários China e União Soviética na Ásia, do que qualquer preocupação com interesses alheios.
Na guerra do Vietnam o governo americano sacrificou muitos bilhões e 55 mil soldados em defesa de um regime corrupto e violento, aliado precioso na Guerra Fria.
Não foi “pelo interesse de todos”, a menos que esse “todos” não se referisse ao povo vietnamita e sim à camarilha de Ngo Dihn Diem, um feroz ditador que matou 12 mil opositores, somente entre 1955 e 1957,tendo , em fins de 1958, albergado cerca de 40 mil presos políticos.
Ainda não havia acabado a Guerra do Vietnam, quando o presidente Johnson virou sua mira para a República Dominicana.
Lá, dois anos antes, Juan Bosch , presidente escolhido em eleições democráticas, foi derrubado pela direita local, por sua política de reformas, inclusive a agrária.
Um grupo de militares iniciou uma bem sucedida revolução para repor Bosch no poder.
Embora ele fosse notoriamente anti- comunista, suas ideias sociais e nacionalistas preocuparam Johnson que visualizou o fantasma de uma “2ª Cuba”, em preparação.
Alegando estar evitando a vitória de uma “revolução comunista”, o presidente enviou um exército de 432 mil fuzileiros para dominar a República Dominicana.
Bosch foi impedido de reassumir a presidência para a qual fora legitimamente eleito.
E, em 1966, realizou-se uma campanha eleitoral onde foram assassinados 300 dos seus adeptos.
O novo presidente, Joaquin Balaguer, tinha sido vice-presidente no governo Trujillo, um dos mais bárbaros e cruéis ditadores da história da América Latina.
Nesse drama, você acha que Tio Sam agiu em favor dos interesses do povo da República Dominicana ?
A ilha de Grenada, um pequeno país de 91 mil habitantes, foi a seguinte vítima das preocupações com segurança dos presidentes americanos.
Em 1984, Ronald Reagan mandou invadir a ilha.
Seria necessário impedir que ela se tornasse uma ameaçadora base do comunismo internacional, já que seu presidente era socialista e aliado de Fidel Castro.
Foi um escândalo.
Até Margareth Thatcher, primeira- ministro do Reino Unido e ferrenha aliada de Ronald Reagan, lhe escreveu uma carta de protesto, dizendo:”Esta ação será vista como intervenção de uma potência ocidental nos assuntos internos de uma pequena nação independente… “
A Assembleia Geral da ONU condenou a invasão como “uma flagrante violação da lei internacional” por 107 a favor (com votos até do Reino Unido e do Canadá) e apenas 9 contra, além de 27 abstenções.
Quando informado do fato, o presidente Reagan respondeu que isso não iria perturbar seu breakfast…
19 soldados americanos foram mortos, mas esse sacrifício foi, evidentemente, “pelos interesses próprios” de Tio Sam. Interesses, no caso, altamente discutíveis.
Por fim, temos os ataques mortíferos dos drones americanos contra inimigos no exterior (ameaças à segurança nacional ianque) no Paquistão, Somália e Yemen.
Aqui, não há sacrifícios de sangue americano, a não ser, por exemplo, quando um dos operadores de drones, depois de orientar mais uma destruição a longa distância, digamos, faça um corte ao se barbear.
Há sacrifício dos recursos, afinal esses drones custam dinheiro.
Mas, não dá para dizer que os ataques beneficiam as muitas centenas de camponeses que já foram mortalmente alvejados por engano.
Ainda que excepcionais – segundo Obama – os americanos não são infalíveis.
Essas atitudes durante ao longo das décadas de 1940 até hoje mostra a minha indi guinação contra os americanos, do qual, são os causadores de tantos males em países que não são de suas contas, mas por interesse próprio o destroem.
Grato pelo artigo. Poucas coisas são mais mentirosas que o pretenso altruísmo da política-violência externa norteamericana… Obama entrará para a história como mais um presidente sanguinário. E como uma grande decepção.