Desde os primeiros sucessos da revolução síria, a paz nunca foi uma possibilidade.
Os rebeldes só aceitavam a renúncia de Assad e rendição incondicional.
Qatar e Arábia Saudita, idem.
Os EUA não faziam por menos, acompanhados por seus fiéis seguidores, França e Reino Unido.
Assad tentou várias vezes chegar às boas com seus adversários. Até falou em negociar sem pré-condições.
Mas os rebeldes foram intransigentes.
E os EUA, de Hillary Clinton a John Kerry, sempre negaram a sinceridade do mandatário sírio. Paz, só sem Assad, talvez por coincidência, o maior aliado do Irã no Oriente Médio.
Quando um líder dos rebeldes falou em aceitar negociações, desde que o governo atendesse a uma série de exigências, foi duramente combatido pelos seus partidários.
Eis que o fator Al Qaeda começou a pesar.
Ao lado de grupos seculares, diversos movimentos islâmicos integram o exército rebelde, muitos deles extremamente radicais. O mais forte e eficiente, o Nussra, é confessadamente filial da Al Qaeda.
Ainda nos tempos de Hillary Clinton, o governo americano anunciou oficialmente a colocação do Nussra na lista dos grupos terroristas.
Com maus resultados, porque os milicianos do movimento receberam a solidariedade de 80 batalhões revolucionários.
Alguns louvaram a combatividade do Nussra, comparada com a inação do governo Obama, que se negava a armar os rebeldes.
Ele tem suas razões. Teme não haver como impedir que os jihadistas, próximos à Al Qaeda, recebam armas e, futuramente, as usem contra os próprios americanos.
Como já aconteceu no Afeganistão e mesmo no Iraque.
Sem o apoio militar dos EUA e europeus não há como derrotar Assad.
Ele tem um exército bem treinado de 50 mil homens e superioridade aérea já que suas forças contam com aviões e os adversários não.
Os rebeldes são numerosos, há um certo número de oficiais e soldados nas suas linhas e instrutores americanos treinam seus milicianos na Jordânia, mas não se fez um exército em pouco tempo.
Obama e Kerry, de vez em quando, ameaçam entrar na guerra, mas não vão em frente.
O resultado de recente pesquisa do New York Times/CBS não anima: o público manifestou-se contra uma intervenção militar yankee por 63% contra apenas 24%.
Segundo diplomatas ocidentais, na reunião dos “Amigos da Síria” (os países anti-Assad) realizada neste fim de semana (4/5 de maio) deverá ser discutida uma proposta de negociações com Assad.
Um desses diplomatas declarou: “Os poderes internacionais inclinam-se a desafiar os bons propósitos de Assad e ver se ele está pronto a aceitar uma solução pacífica.”
Desta vez, a Al Qaeda está sendo um fator positivo, embora totalmente oposto às suas intenções.