Agindo em beneficio de Israel, Obama pressionou Abbas para que não denunciasse os assentamentos no Tribunal Criminal Internacional; pressionou os governos de Ancara e Telaviv para que fizessem as pazes; pressionou o rei da Jordânia para permitir a passagem de aviões israelenses para atacar a Síria e o primeiro ministro da Turquia para não visitar Gaza.
Somente no último caso foi mal sucedido.
Agindo a mando de Obama, o secretário de Estado, John Kerry, exortou o primeiro ministro Erdogan a adiar “sine die” sua anunciada viagem para o Estreito de Gaza.
Durante uma conferência de imprensa em Istambul, Kerry alegou que essa viagem ameaçaria as conversações de paz entre palestinos e israelenses, sendo, portanto, inadequada.
É brincadeira…
Não há menor indício de que estas negociações se realizarão uma vez que Bibi se nega a atender à pré-condição de Abbas, da Autoridade Palestina, de parar de invadir e ocupar terras árabes com assentamentos judaicos.
Na verdade, de acordo com a orientação atual do governo Obama de fazer de tudo pelos interesses de Telaviv, Kerry visa evitar o aumento da solidariedade internacional ao povo de Gaza, especialmente por parte de países aliados, como a Turquia. O que poderá gerar fortes pressões de toda parte para Israel desbloquear o estreito, fortalecendo, assim, o Hamas, grande inimigo do governo Netanyahu.
Apesar dos esforços de Kerry, Erdogan ficou firme: vai visitar Gaza, provavelmente após sua viagem aos EUA, em meados de maio.
As pressões americanas pegaram muito mal na Turquia.
Bulent Arine, vice- primeiro ministro e porta voz do governo chamou o apelo de Kerry “diplomaticamente censurável, errado e errado.” Afirmou ainda que a decisão cabia ao governo turco e que seu país não “tem de pedir permissão para ninguém.”
Embora aliado dos EUA, Erdogan tem preservado a independência da política externa do seu país.
Só toma decisões favoráveis ao império americano quando interessam à Turquia.
Do contrário, vai para o lado oposto como aconteceu quando, junto com o Brasil, apresentou proposta para revolver o contencioso nuclear com o Irã. Ou quando brigou com Israel por casusa do massacre da Flotilha da Liberdade.
Aparentemente, a Casa Branca ainda não se acostumou com esse tipo de aliado.