Já prá mesquita!

O secularismo, quem diria, quer o poder no Irã.

Tendo liderado a revolução nacional islâmica, que derrubou o xá e venceu a pressão internacional, o clero assumiu o poder.

Estabeleceu um regime islâmico, com aplicação da Sharia (principios do Alcorão) ao pé da letra, na constituição. Exatamente como era, no século VII, quando Maomé iniciou sua pregação.

Seus dignatários, os aiatolás, vem governando o país desde então.

Eles ocupam uma série de conselhos que controlam todos os aspectos da vida social.

O presidente pode ser secular, mas seus poderes são limitados à área administrativa.

Cabe ao Supremo Líder, sempre um religioso, a última palavra em questões como política externa, segurança e defesa.

Além disso, ele pode interferir nas atribuições do presidente, sendo impensável que este resista à sua autoridade.

Eleito e reeleito pelo sistema dominante, Ahmadinejad começou a questionar a situação política a partir da metade do seu segundo mandato.

Seu objetivo era ampliar os poderes presidenciais e modernizar o regime.

Tomou atitudes que foram vistas como liberais demais pelos grupos conservadores linha- dura, próximos ao Supremo Líder, Khamenei.

Na luta que vem se travando, diversos ministros nomeados por Ahmadinejad já foram demitidos por ordem de Khamenei, censuras públicas partiram do parlamento, dominado pelos adversários do presidente, que reagiu acusando de corrupção o chefe deles, Larijani.

Nas eleições marcadas para junho, o secularismo tem chances de vencer.

O candidato de Ahmadinejad, o chefe do seu gabinete, Esfandier Mashaei, é visto como um perigoso inimigo do regime islâmico pelos conservadores islâmicos.

Para ter uma ideia, tendo sido anteriormente nomeado vice-presidente por Ahmadinejad, ele foi forçado a renunciar por pressão de Khamenei.

De fato, Mashaei é um firme defensor do secularismo.

Em recente reunião de planejamento de membros do governo, ele declarou :”Tenho o mais profundo respeito pelos clérigos, mas eles não são políticos. Sua presença está prejudicando a política iraniana. Seu papel deveria ser apenas espiritual. Nos próximos 4 anos, teremos oportunidade de mudar a constituição.”

Esta informação foi publicada por um jornal de Teerã. A fonte revelou ainda que Marshaei apoia a separação entre a igreja e o estado.

Para o sistema, trata-se de um escândalo.

Mas as chances de Mareshaei não são das maiores.

Todas as candidaturas precisam ser submetidas a um conselho, onde Khamenei tem maioria.

Não vai querer aprovar quem quer os clérigos fiquem nas mesquitas.

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